quinta-feira, 25 de agosto de 2016

[Renda & Saltos Altos] " Retrato do meu Coração", de Patricia Cabot [Quinta Essência]


Ficha Técnica do Livro:


Título: Retrato do meu Coração


Autora: Patrícia Cabot


Edição: Agosto de 2016


Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]


Nº de Páginas: 400


Classificação Atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas


Género: Romance Histórico Sensual/Época Vitoriana


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


Retrato do meu Coração, de Patricia Cabot é um delicioso romance feminino com cenário na Época Vitoriana, cuja acção decorre entre 1871 e 1876, no Yorkshire e em Londres, e que chega ao público Português com chancela Quinta Essência O livro integra uma duologia, tendo o primeiro livro da série sido publicado sob o título Rosa Selvagem, pela Chancela Livros D´Hoje do Grupo Leya. Todavia, este segundo romance pode ser lido individualmente, na medida em que a continuidade das obras é meramente geracional, se assim quisermos apelidar a circunstância de o protagonista masculino deste romance ser sobrinho do Casal que protagoniza o primeiro título.

O romance encontra-se dividido em duas partes, as quais se mostram separadas por um hiato temporal de cinco anos, na acção. Na primeira parte ficamos a conhecer os dois protagonistas, que foram amigos de infância, mas que se reencontram após alguns anos descobrindo que se encontram já num diverso patamar em termos de maturidade psicológica e sexual, pois é inegável que, além da cumplicidade das brincadeiras de criança que partilharam, há entre ambos uma evidente atracção física e sexual.

Jeremy, 17º Duque de Rawlings, é um homem atraente, sedutor, mas um perfeito e incorrigível libertino, sem propensão para estudar e para assumir na sua plenitude as funções inerentes ao ducado que herdou do pai, e cujo exercício na Câmara dos Lordes se encontra delegado no seu tio Lorde Edwards. Sucessivamente expulso dos melhores colégios privados cuja frequência seria desejável pela sua fortuna e elevada posição social, recebe do tio um sério ultimato, no sentido de encontrar um rumo certo e responsável na vida, deixando de seduzir jovens mulheres sem assumir compromisso.

Alertado pelo tio para a necessidade de assumir uma vida responsável e adulta, Jeremy pede em casamento Margaret Herbert, filha do seu administrador, sua amiga de infância, mas receosa de não estar à altura de ser uma Duquesa, e no momento em que surge a hipótese de abraçar a sonhada carreira de pintora (projecto em que conta apenas com a aprovação da mãe Lady Herbert), Maggie recusa o pedido e, desiludido mas determinado, Jeremy parte para uma carreira militar na Ìndia, ao serviço de sua Majestade, uma tarefa que, por norma, então era destinada aos filhos de nobres que não tivessem título a receber para si mesmos.

Apesar de terem estado separados, ao saber que Maggie, entretanto tornada já uma talentosa retratista e pintora com formação em Paris, se encontra comprometida com um jovem galerista Francês - Augustin Veygeux - ainda que acometido de Malária, Jeremy regressa de surpresa ao Reino Unido, acalentando a esperança de reconquistar Margaret, mas o caminho não se revela fácil.

Margaret continua secretamente apaixonada pelo Duque de Rawlings, mas perante um silêncio total durante cinco longos anos onde apenas soube das suas façanhas militares através de esparsas cartas à tia - Lady Edawards - ou pelas notícias publicadas no The Times, rendeu-se às evidências de o destino de ambos ser percorrido por caminhos díspares.

Um sem número de peripécias, muita acção, perigo e a teimosia de ambos os protagonistas arrastam as leitoras para um interessante romance de época, onde se destaca a rigidez da sociedade Vitoriana, onde as mulheres eram vistas como prováveis mães de família, sem direito a terem uma carreira própria (que era encarada como escandalosa e reprovada familiar e socialmente). Também interessante é o papel de relevo da imprensa da época, em especial, o prestigiado The Times que impunha um verdadeiro dogma informativo, mesmo quando a realidade era bastante diversa dos relatos que chegavam ao jornal - o Duque de Rawlings vê-se confrontado com uma imprecisão narrativa e jornalística que  o coloca erradamente como noivo da Estrela do Jaipur, alegadamente uma princesa Indiana que lhe fora "oferecida" como recompensa pelo Marajá (tio da Princesa) pelos honrosos préstimos militares do jovem.

Já Margaret é uma personagem também muito bem construída, sendo uma jovem voluntariosa, determinada, uma artista na sua verdadeira essência, que se vê discriminada e abandonada pela família, após o falecimento da mãe que era a sua mentora e apoiante, apenas pelo facto de trabalhar como pintora e fazer disso uma profissão remunerada, almejando alcançar a sua independência financeira através deste metier. Apesar de apaixonada, Maggie nunca se revela submissa perante o Duque, contestando, reclamando e sendo até agressiva quando não concorda com as circunstâncias que os rodeiam e com o modo como este aborda as questões da convivência entre ambos.

Margaret e Jeremy deixam-se enredar nas malhas da forte atracção que os une, acabando por ceder ao turbilhão de desejo que os atinge, sendo bastante intensas as cenas de natureza sexual que a autora descreve entre ambos, às quais não são alheias as emoções à flor da pele, e o conflito interno que os jovens vivenciam, quando tudo parece perdido quanto à possibilidade de um futuro em comum há muito sonhado.

Por sua vez, o perigo que ronda o Duque, que começa a ser alvo de tentativas de homicídio, ainda mais contribui para enriquecer a trama.

Carinho, paixão, orgulho, determinação, luta por ideais, redenção, perigo, exotismo e sensualidade resultam em linhas que lemos com muita atenção e indiscutível prazer, numa viagem a outras eras que é sempre fascinante.

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