quinta-feira, 27 de julho de 2017

Renda & Saltos Altos | "O Boss", de Vi Keeland | Topseller


Crítica por Isabel de Almeida | Jornalista, Crítica Literária e Blogger


O Boss, de Vi Keeland, é um romance contemporâneo do género erótico, mas no qual a temática do erotismo se vai desenvolvendo de forma muito gradual e insinuante, à medida que a narrativa vai evoluindo. A história desenrola-se num ritmo narrativo bastante cadenciado e equilibrado, sem excessos nem avanços demasiado rápidos, e esta subtileza confere elegância ao livro.

Quando começamos a ler esta obra, o que logo nos conquista é o humor que Vi Keeland soube logo introduzir no capítulo inicial e que vai surgindo um pouco por todo o livro, acabando por alternar com a forte carga dramática que a história também integra.

A acção decorre em Nova Iorque, e a trama está organizada em capítulos breves (o que facilita, dinamiza e torna mais ágil o processo de leitura). Em cada capítulo vamos acompanhando o ponto de vista de cada um dos dois protagonistas: Reese Annesley e Chase Parker, e dados importantes do passado de Chase chegam até ao conhecimento do leitor com recurso a analepses que nos levam a um momento temporal onde recuamos sete anos.

Relativamente às personagens, ambas estão construídas com forte densidade psicológica, e mostram-se inseridas em dinâmicas que correspondem a diversos espaços sociais onde se movimentam: o espaço mais privado ou pessoal, o espaço empresarial ( Parker Industries, uma firma da qual Chase Parker é CEO, e na qual Reese virá a trabalhar), o espaço familiar e das amizades mais próximas ( Sam é a melhor amiga de Chase, e Jules a melhor amiga de Reese).

Reese Annesley é uma jovem executiva com formação e experiência na área do marketing, apaixonada pela sua profissão, tem alguma dificuldade em gerir relacionamentos amorosos, não tendo ainda conseguido criar uma relação amorosa duradoura, estável e que lhe permita a realização pessoal a este nível. É independente, trabalhadora, empenhada e, ao nível psicológico apresenta um comportamento que denota alguns traços de natureza obsessiva-compulsiva em relação à sua segurança pessoal, aspecto este que surge enquanto reacção à vivência de uma situação traumática na infância. É emocionalmente insegura, culpabilizando-se inconscientemente pelo seu comportamento obsessivo-compulsivo e pelo evento que o gerou e deixa que isto afecte a sua vida amorosa, pois nunca sentiu que os seus namorados entendessem esta sua preocupação com a segurança, ou que lhe dessem o devido valor, ou seja, nunca se sentiu compreendida plenamente por um parceiro naquilo que assume ser uma imperfeição que transporta consigo.

Por sua vez, Chase Parker é o exemplo de um macho alfa poderoso, sedutor e algo arrogante. É CEO da Parker Industries, uma firma dedicada à cosmética e beleza femininas que desenvolve cientificamente os seus próprios produtos, estudante brilhante, criativo e empreendedor, subiu a pulso nos negócios, por mérito próprio, e mantém um forte vínculo afectivo com a família mais próxima (designadamente, tem uma relação muito cúmplice com a irmã Anna, e com Samantha, a sua melhor amiga desde os tempos da faculdade, uma mulher forte, determinada e perspicaz, que, tal como Anna, assume uma postura cuidadora e protectora em relação a Chase. Bonito, sedutor, espirituoso, envolvente, bem humorado, rico e bem sucedido, à partida estaríamos perante a perfeição personificada, todavia, toda esta imagem de perfeição e força acabam por revelar-se uma máscara que esconde a sua fragilidade emocional. Chase lida com o fantasma de uma perda não superada, quer seguir em frente mas balança perante essa hipótese, deixando-se enredar numa forte pressão psicológica negativa , lutando por elaborar um luto do passado, e por vencer a culpa que, em determinados momentos, o bloqueia e o arrasta para isolamento social, abuso de alcool e desesperança na possibilidade de um futuro.

Chase e Reese vão, obviamente, cair nos braços um do outro, e até que tal aconteça, vamos assistindo a um delicioso e erótico jogo e sedução no escritório da empresa onde ambos trabalham. Porém, nem tudo é perfeito, e ambos são ainda assombrados por ecos traumáticos dos respectivos passados, o que pode deitar a perder um futuro que seria bastante promissor.

É interessante notar que o livro tem tanto de comédia romântica, quanto de drama, e tem dois protagonistas  que não são perfeitos, o que nos faz, desde logo, empatizar com Reese e com Chase. A culpa (em diferentes contextos traumáticos) e a aceitação de imperfeições em si mesmos e nos outros vão ser conceitos chave na evolução dos personagens.

Em suma, estamos perante um romance erótico que nos traz muitos bónus: romantismo, sedução, humor, drama, tensão, culpa, superação e aceitação, e é precisamente esta mistura de ingredientes tão rica que torna este livro muito especial e apaixonante. Vi Keeland é uma aposta ganha em termos editoriais e constitui uma boa escolha para levar de férias. Adorámos e queremos mais livros desta autora!

Ficha Técnica:

Título: O Boss

Autora: Vi Keeland


Edição: Julho de 2017

Nº de Páginas: 320

Género: Romance contemporâneo | erótico

Classificação: 5/5 estrelas


terça-feira, 4 de julho de 2017

Renda & Saltos Altos | " O Amor que nos une", de Megan Maxwell | Planeta



Crítica por Maria João Covas | Guest Blogger Os Livros Nossos:

   Megan Maxwell é uma das minhas autoras preferidas. Comecei a lê-la com o seu primeiro, Pede-me o que quiseres e nunca mais parei. Sendo uma escritora do estilo erótico, temi que se tornasse repetitiva. Ingénua ilusão. Megan Maxwell consegue surpreender sempre e em cada livro, não sendo este excepção.

   O amor que nos une, segundo volume da série As guerreiras Maxwell passa-se nas Terras Altas Escocesas, na época Medieval. As personagens principais Gillian e Niall são já nossas conhecidas, pois este último é irmão de Duncan a personagem masculina principal do primeiro livro da série. 

E aqui começa a agradar-me. Apesar de o casal principal ser outro, sabemos o que aconteceu às personagens que nos foram apresentadas anteriormente, podendo assim saber o que lhes aconteceu, pois já passaram alguns anos.  Mais uma vez Megan Maxwell inova e de uma forma bastante assertiva, pois Duncan e Megan, por exemplo, foram personagens tão fortes que, tendo ficado bem presentes  na nossa memória, seria natural que nos interrogássemos sobre o seu destino. 

   Gillian é a jovem irmã de Axel McDougall que fica a saber estar prometida em casamento, por decisão de seu pai, ao filho do seu vizinho, Ruarke, caso não esteja casada até ao final do dia do seu vigésimo sexto aniversário. Acontece que este jovem é um homem do seu tempo, com pouca, ou nenhuma sensibilidade, achando que as mulheres têm apenas de tratar dos filhos, bordar e obedecer aos maridos. Sendo Gillian conhecida como a Desafiadora, logo se percebe que este é um casamento que dificilmente poderia dar certo. Ela é apaixonada pela vida, com personalidade forte, orgulhosa e casmurra, o que faz com que diga o que deve, o que quer, o que não deve e o que não quer.

   Para além disso, a jovem continua apaixonada por Nial, um amor antigo, que, por presunção e teimosia dos dois, não tinha dado em casamento. No entanto, nós leitores, sabemos, desde o primeiro volume, que o amor não morreu, apenas ficou latente debaixo do orgulho e da teimosia. Nial é também um jovem impulsivo cujas palavras e os actos, às vezes, não são bem ponderados.  

   A verdade é que, com a ajuda das amigas, Gillian e Nial acabam por se reaproximar e toda a história se desenvolve em volta da viagem até Duntulm, sendo muitas as peripécias que aguardam os leitores ao longo desta narrativa bastante fluída.

   Não querendo, de todo, contar a história posso acrescentar que o livro nos transmite um misto de sentimentos. Se estas personagens são muito mais infantis que as anteriores, esta ingenuidade permite-nos, por um lado, sorrir e vê-los crescer como pessoas e como casal, e por outro, querer bater-lhes como se de crianças se tratassem. Noutros momentos, é impossível evitar uma lágrima face à generosidade e autenticidade que ambos têm perante a vida e perante os outros, o que leva a alterações em Duntulm e nos seus habitantes. 

   Este é, pois, um livro que recomendo sem hesitações. Um segundo volume que, sendo diferente do primeiro, não lhe é inferior. Na verdade, apenas nos dá vontade de saber quem será a guerreira do terceiro achando, de antemão, que será uma mulher de garra, personalidade e coragem desmedida para defender os seus. Mas para tal teremos de esperar até Setembro.


Ficha Técnica do Livro:



Autora: Megan Maxwell

Série: As Guerreiras Maxwell - Livro 2

Editora: Planeta

Edição: Junho de 2017

Nº de Páginas: 392

Género: Romance de Época | Romance Sensual