quinta-feira, 13 de setembro de 2012

[Opinião] “Cruzes no Horizonte”, de João Garrido


 

ISBN: 978-989-8545-71-7
Depósito Legal: 344726/12
P.V.P: € 14.00
Número de páginas: 154
Editora: Edições Vieira da Silva
 
 
Sinopse:
 
   Gabriel Alvarez nasceu numa pacata aldeia do litoral estremenho. Aí recebeu uma educação ministrada a preceito pelo avô materno, que fez daquele neto o repositório dos valores que o conduziram ao longo da vida conturbada.
Mas a evolução da existência de Gabriel revela-lhe tremendas surpresas. Um mundo diferente espera por si a partir do momento que abandona Venteira, a aldeia natal.
A adaptação à vida de Lisboa, a primeira paixão, a confrontação com um universo novo onde se vê deslocado, transformam-se numa sequência de episódios que irão desembocar na horrível experiência da guerra colonial. No meio de um jogo de vida e morte, Gabriel depara com o seu ego verdadeiro, e com os demónios que lhe assaltam a alma – cruzes sempre presentes no seu horizonte. Entretanto, consolida uma estranha amizade com o amigo David, um jovem artista excêntrico que se irá tornar no mentor ideológico daquilo que Gabriel gostaria de ser mas não pôde.
O regresso da guerra, após o 25 de Abril de 1974, faz Gabriel deparar com uma sociedade militante com que não contava. Segue-se a adaptação, os primeiros empregos e a descoberta do amor, de que resultará o nascimento da sua filha adorada.
Depois, o horror de assistir ao desmoronar daquela que julgava a obra da sua vida – o casamento com a mulher que ama, que vai enlouquecer. Resta-lhe Teresa, a filha que representa a sua única razão de viver.
Desempregado e cansado de uma existência deprimida, decide voltar a Venteira, a sua querida aldeia, para uma derradeira visita ao passado onde fora feliz. Aí irá descobrir uma caixa misteriosa, e com ela a motivação para insistir em estar vivo. E, depois, redescobrirá o amor que julgava já não estar ao seu alcance.

Análise realizada por: Liliana Novais/Os Livros Nossos.

   Neste livro João Garrido leva-nos numa viagem no tempo, acompanhando a vida de Gabriel Alvarez. O qual regressa à sua casa de infância na hipotética aldeia de Venteira. Desempregado, atormentado pelo seu passado e depressivo, a casa em ruinas é o perfeito espelho do seu estado de espirito.
   As personagens são maduras, com vivências marcantes e elaboradas com mestria. Cada uma sofreu e aprende algo com isso.
   O autor conseguiu transcrever como a vida seria durante a ditadura numa cidade pequena e os leitores que não a viveram, entram num mundo estranho em que se viva com medo. Também a guerra colonial foi tratada com perícia e com cuidado, não sendo demasiado forte. Mas podendo também ter sido mais aprofundados. As perdas do personagem principal moldam a sua personalidade e o seu percurso.
   A linguagem utilizada pelo autor é rica em vocábulos, com descrições simples que nos permitem seguir a ação de perto.
   A narrativa assume um ritmo fluente e equilibrado, sem atropelos nem momentos mortos, permitindo ao leitor seguir a história sem se aborrecer nem se perder no seu decurso.      Acompanhamos a evolução do protagonista, os seus amores e desamores, as desilusões que a vida trás.
    A misteriosa caixa acaba por se revelar como uma personagem por si só, com a sua teimosia de não sair do seu esconderijo e acaba por ser muito reveladora para o protagonista.
   É um bom romance, com revelações e momentos mais tensos. Envolve o leitor até ao final.

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