Autor: João Garrido
ISBN: 978-989-8545-71-7
Depósito Legal: 344726/12
P.V.P: € 14.00
Número de páginas: 154
Editora: Edições Vieira da Silva
Sinopse:
Gabriel Alvarez nasceu numa pacata
aldeia do litoral estremenho. Aí recebeu uma educação ministrada a preceito
pelo avô materno, que fez daquele neto o repositório dos valores que o
conduziram ao longo da vida conturbada.
Mas a evolução da existência de
Gabriel revela-lhe tremendas surpresas. Um mundo diferente espera por si a
partir do momento que abandona Venteira, a aldeia natal.
A adaptação à vida de Lisboa, a
primeira paixão, a confrontação com um universo novo onde se vê deslocado,
transformam-se numa sequência de episódios que irão desembocar na horrível
experiência da guerra colonial. No meio de um jogo de vida e morte, Gabriel
depara com o seu ego verdadeiro, e com os demónios que lhe assaltam a alma –
cruzes sempre presentes no seu horizonte. Entretanto, consolida uma estranha
amizade com o amigo David, um jovem artista excêntrico que se irá tornar no
mentor ideológico daquilo que Gabriel gostaria de ser mas não pôde.
O regresso da guerra, após o 25 de
Abril de 1974, faz Gabriel deparar com uma sociedade militante com que não
contava. Segue-se a adaptação, os primeiros empregos e a descoberta do amor, de
que resultará o nascimento da sua filha adorada.
Depois, o horror de assistir ao
desmoronar daquela que julgava a obra da sua vida – o casamento com a mulher
que ama, que vai enlouquecer. Resta-lhe Teresa, a filha que representa a sua
única razão de viver.
Desempregado e cansado de uma
existência deprimida, decide voltar a Venteira, a sua querida aldeia, para uma
derradeira visita ao passado onde fora feliz. Aí irá descobrir uma caixa
misteriosa, e com ela a motivação para insistir em estar vivo. E, depois,
redescobrirá o amor que julgava já não estar ao seu alcance.
Análise
realizada por: Liliana Novais/Os Livros Nossos.
Neste livro João Garrido leva-nos
numa viagem no tempo, acompanhando a vida de Gabriel Alvarez. O qual regressa à
sua casa de infância na hipotética aldeia de Venteira. Desempregado,
atormentado pelo seu passado e depressivo, a casa em ruinas é o perfeito
espelho do seu estado de espirito.
As personagens são maduras, com vivências
marcantes e elaboradas com mestria. Cada uma sofreu e aprende algo com isso.
O autor conseguiu transcrever como
a vida seria durante a ditadura numa cidade pequena e os leitores que não a viveram,
entram num mundo estranho em que se viva com medo. Também a guerra colonial foi
tratada com perícia e com cuidado, não sendo demasiado forte. Mas podendo
também ter sido mais aprofundados. As perdas do personagem principal moldam a
sua personalidade e o seu percurso.
A linguagem utilizada pelo autor é
rica em vocábulos, com descrições simples que nos permitem seguir a ação de
perto.
A narrativa assume um ritmo fluente
e equilibrado, sem atropelos nem momentos mortos, permitindo ao leitor seguir a
história sem se aborrecer nem se perder no seu decurso. Acompanhamos a evolução
do protagonista, os seus amores e desamores, as desilusões que a vida trás.
A misteriosa caixa acaba por se revelar
como uma personagem por si só, com a sua teimosia de não sair do seu
esconderijo e acaba por ser muito reveladora para o protagonista.
É um bom romance, com revelações e
momentos mais tensos. Envolve o leitor até ao final.
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