quinta-feira, 6 de setembro de 2012

[Gostámos] "Um amor em tempos de guerra", de Júlio Magalhães


Autor: Júlio Magalhães

Género: Romance Histórico

Título: "Um amor em tempos de guerra"

Editora: A esfera dos livros

Páginas: 336


Sinopse:

"António nasceu marcado pelo nome. O mesmo que o vizinho da rua das traseiras, o homem que se fez doutor em Coimbra e que ia à terra sempre que podia, o tal que governava o país com pulso de ferro. Mas de pouco ou nada lhe valeu tão grande nome quando o destino o enviou para Angola, para defender a pátria em nome de uma guerra distante que não era a sua. Deixou para trás a sua terra, a mãe inconsolável e Amélia, a mulher que pedira em casamento, num banco de pedra, junto à igreja e que prometera fazer dele o homem mais feliz de Vimieiro. Promessa gravada num enxoval imaculado que ficou guardado no armário, à espera do fim daquela maldita guerra. Quando António regressou de Angola, era um homem diferente. Marcado no corpo por anos de guerra e de cativeiro e no coração por um amor impossível que deixara em pleno mato angolano. Regressava para cumprir a promessa que fizera anos antes à sua noiva Amélia, que o julgara morto, e que, em sua memória, tinha enterrado um caixão sem corpo."

 
Crítica/Opinião por: Cátia Correia/ Os Livros Nossos

Continuo completamente rendida ao autor, sem dúvida que são uns livros para guardar na estante, e já adquiri mais 2 para juntar à coleção. E continuo a dizer que são de fazer a chorar as pedras da calçada, eu pelo menos desfaço-me em lágrimas, tal como o outro que já li do Júlio, são extremamente fortes, que tocam imensamente o leitor, fazendo sentir página atrás de página o seu desespero e dor destes portugueses, gente da nossa gente.
Neste romance somos levados para a guerra do Ultramar em África, com o António, protagonista, rapaz típico das terrinhas de Portugal, vizinho de Salazar em Santa Combadão, que nunca dela tinha saído, apaixonado pela moça mais linda da aldeia e de casório marcado é chamado para recruta da tropa e pouco meses depois destacado para Angola. E é aqui que viajamos com ele, de barco, como tantos milhares de homens que partiram em vão, lutando por uma guerra que não era deles, iludidos e pensando estar a fazer o bem.
António torna-se numa pessoa fria ao conhecer os horrores da guerra, e transmite isso mesmo através das suas cartas à sua noiva Amélia, cada vez mais apoquentada por o seu homem estar mudar. A ele valem-lhe os amigos que faz na tropa que depressa passam de companheiros a irmãos, a Dulce uma preta com sangue quente no corpo, que conhece em África durante uma missão, e que o faz esquecer a Amélia e conhecer um amor diferente e sensual, diferente do amor inocente que sente por Amélia.
Contando os dias para poder voltar a Portugal, a sua missão arrasta-se por mais de dois anos, e eis que a pouco meses de voltar é apanhado numa emboscada de guerrilheiros e o fazem prisioneiro em cativeiro durante 3 anos, sem noticias do António, este é dado como morto, enterrado de caixão vazio, chorado, amado e relembrado pela família, amigos e noiva, que após 3 anos de luto resolve refazer a sua vida junto de Osvaldo, um amigo de António que a acompanhou enquanto o António esteve na guerra. É chorado também por Dulce que quando António desapareceu descobriu estar a aguardar um filho deste.
Mas eis que em 1975, como que renascido das cinzas, António e outros companheiros conseguem fugir do cativeiro e chegar até às tropas portuguesas que ainda permaneciam no pais, dado como morto e desorientado da vida, António fica confuso e sem saber o que fazer, abandona assim Dulce com o seu filho pequeno e regressa a Portugal, sem saber o que o espera.
Chega a Portugal um homem doente física e psicologicamente, completamente destroçado. Enraivecido por Amélia não ter esperado por si e em dúvida se há-de trazer para junto dele mulher e filho de Angola. Mas a vida dá muitas voltas e António vai a África buscar o seu filho, enquanto Amélia luta em busca da felicidade ao lado de um homem que não é o seu, mas mais umas voltas no cubo da vida e tudo termina bem. É lindo, aconselho seriamente a sua leitura, a quem não se importa de deitar umas lágrimas.

1 comentário:

  1. Obrigada Vanessa, é bom saber que o nosso "trabalho" poderá "influenciar" alguém. Honestamente agora que já li todos dele, excepto o último, os dois que colocei aqui a review mais os Retornado são os que realmente aconselho, o outro Por ti, resistirei, a história é tao breve, que nem conseguimos entrar bem dentro dela.

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