quarta-feira, 12 de setembro de 2012

[Entrevista Nacional] Andreia Ferreira, autora da Trilogia Soberba


 

   Andreia Ferreira é a jovem autora da Trilogia  "Soberba ", da qual se encontram já publicados os dois primeiros livros - Soberba Escuridão - e  - Soberba Tentação.
  Natural de Braga, onde reside e onde foi criada,tendo a sua cidade servido de cenário à sua saga do género fantastico, a autora escreveu o seu primeiro conto com apenas 12 anos de idade. É licenciada em Línguas e Literaturas Europeias pela Universidade do Minho. Leitora compulsiva, blogger (sendo fundadora e administradora do blog Literário D311nh4), estreou-se na escrita  em Maio de 2011, com Soberba Escuridão, e este ano com a publicação de Soberba Tentação - obras com a chancela da Alfarroba Edições.
 
   Com a presente entrevista, vamos ficar a conhecer melhor esta talentosa escritora, obrigada Andreia, pela disponibilidade, simpatia e partilha.
 
 
Entrevista a Andreia Ferreira conduzida por: Isabel Alexandra Almeida/Os Livros Nossos:
 
 

 

- Andreia, escrever surge como puro prazer ou é também uma necessidade?

 

Penso que seja uma agradável junção de ambos. Escrevo pela necessidade de encontrar o prazer.

 

- Lançaste há pouco o segundo volume da tua trilogia “Soberba”, quando deste início ao processo de escrita do primeiro livro contemplaste desde logo uma trilogia, ou foi o fluxo de ideias e a necessidade do seu desenvolvimento que te trouxe à mente este formato?

           

Quando comecei a escrever o “Soberba Escuridão”, ele não passava de um capítulo a descrever um terror noturno. Transformou-se numa história quando enviei a Carla para a escola e a relacionei com outras personagens, acompanhei-a no dia a dia e, sobretudo, visualizei um desfecho para a criatura que a assombrava.

            Passou a ter sequela, a partir do momento em que me surgiram três demónios, o que aconteceu a meio do livro.

            Depois, foi o motivo que transcendia uma simples história de amor, uma disputa entre sobrenaturais, personagens que precisavam do seu devido destaque - são ingredientes que me levaram a embarcar nesta aventura de enveredar pela trilogia.

 

- O processo de escrita desperta sempre uma enorme curiosidade nos leitores, escreves de acordo com um horário que impões a ti própria, ou deixas que naturalmente surja a oportunidade e inspiração para tal?

 

            Não imponho nada, pois a correria da vida também não o permite. Deixo as ideias fluírem e, quando estiver a transbordar, passo-as para o papel.

            O meu processo de escrita é muito íntimo, porque escrevo aquilo que quero. Tenho por hábito conversar com os leitores sobre a história e as ideias deles acabam por iluminar as minhas pré-existentes, às vezes, precisamente ao contrário do que eles esperam.

            Escrevo capítulo a capítulo, tendo um final em vista, e deixo a ação decorrer naturalmente.

 

- Tens por hábito transportar contigo um daqueles pequenos cadernos de anotações, no qual vais tirando notas de ideias que te ocorram a partir de cenas do quotidiano a que assistes, ou recuperas esse tipo de informação apenas com recurso livre à tua memória?

 

            Eu bem tento! Eu tenho o tal caderno e penso nele várias vezes. “Vou escrever isto, porque parece-me interessante para colocar na boca do Ricardo.” Nunca o faço. Por isso, sim, recorro à memória.

 

- No teu percurso de vida, e em especial, como uma das revelações da literatura nacional, tens alguma figura de referência (por exemplo, um autor teu preferido, um familiar ou amigo próximo) que te tenha especialmente inspirado e/ou incentivado a seguir o teu sonho?

 

            Revelação da literatura nacional? I wish! Obrigada pela confiança e tal menção deixa-me realmente motivada, mas tenho perfeita noção do caminho calejado de desafios que me aguarda, se quiser prosseguir e ascender no mundo literário.

            Leio imenso, amo ler e não consigo passar um único dia sem passar os olhos pelas letras de um livro, logo, tenho imensos autores que me inspiram, seja pelas obras, seja pela escrita, seja pelo trilho que os antecede. Posso falar de J.K.Rowling, que é alguém que queria mesmo conhecer; de George R.R.Martin, a quem faço a vénia; de Charlaine Harris, que me suga para a sua escrita simples e fluida; mas é ao meu pai que devo toda a força. Ele é, sem dúvida, a minha figura de referência para lograr na vida.

 
- Um dos eventos mais importantes na vida de um autor é a presença nas Feiras do Livro, quais são as sensações que experiencias num evento de tal género? Qual foi a sensação de teres estado presente na Feira do Livro de Lisboa a apresentar a tua primeira obra “Soberba Escuridão”?

 

            Foi um momento especial. Nunca tinha estado na feira do livro da capital e, estar lá como autora, foi uma excelente estreia. Conhecer alguns dos meus leitores do Centro e Sul, perceber que houve quem escolhesse aquele dia para ir à feira porque eu ia lá estar é, sem dúvida, deveras gratificante.

Uma experiência que pretendo repetir, sempre que me for dada a oportunidade.

 
- Para que faixa etária recomendarias especificamente a leitura dos teus livros?

 

Os Soberbas foram escritos a pensar num público jovem-adulto, mas tenho leitores de todas as idades. Sim, porque a fantasia agrada tanto a miúdos como a graúdos.

Devido a alguma violência psicológica e física, patente em algumas cenas, não os recomendo a crianças. Talvez, a partir dos dezasseis.

 

- Andreia, quem como nós aqui no blogue, acompanha a obra, denota uma evolução e diríamos mesmo um processo de amadurecimento ao nível da tua escrita, e das evoluções das próprias personagens? Tiveste, desde logo, essa percepção aquando da escrita do teu segundo livro – “Soberba Tentação”?

 

            Não, não notei logo, mas, quando o terminei, apercebi-me de que este volume puxou muito mais de mim do que anterior. O “Soberba Tentação” explora muito mais as personagens e o enredo está muito mais denso. Com esta reviravolta, entrei totalmente na minha praia.

            Quanto à escrita em si, torno-me, a cada dia que passa, uma leitora mais exigente e penso que isso se vá refletir na minha escrita. 

 

- Que conselhos darias a um candidato a escritor no nosso país e no meio da actual conjuntura?

           

            É fundamental que acreditem em si, que construam uma parede de betão armado para não se deixar ferir pela negatividade, que possuam humildade para ouvir repreensões acertadas, que saibam separar, daquilo que ouvem, o que é pertinente do que é frívolo.

A paciência é a maior aliada. Digo para procurarem técnicas, conversarem com pessoas que também escrevem, que vejam se há pontos no que lêem que servem para adaptar à escrita deles. Não copiem estilos de escrita, não escrevam “assim” só porque fulano o faz.

Afirmo que devem embrenhar-se no mundo deles, deixar-se consumir por ele. Encontrar a magia.

Quanto às editoras, convém averiguar como funcionam antes de as contatar.

 
- Além do já projectado terceiro e último volume da Trilogia Soberba, que projectos idealizas para o futuro da tua carreira enquanto escritora? Consideras escrever mais obras dentro do mesmo género (Fantástico, ou fantasia urbana) ou já te imaginaste a escrever outros géneros?

 

            As minhas histórias rascunhadas são quase todas de teor fantástico. Neste momento, conto com três projetos pendentes (além do terceiro volume da trilogia) e dois são do género fantástico. Estou a arriscar-me num drama, mas não me parece que me vá atirar de corpo e alma a ele para já. Preferia concluir os outros dois, antes de enveredar pela ficção dramática.

            Li há pouco tempo num artigo que se queremos escrever sobre determinado tema, a base é ler pelo menos 5000 livros do mesmo. A minha estante começa a ficar variada, logo, acredito que a minha escrita também ficará.
 

- A que razões atribuis o velho dilema com que se confrontam os autores Portugueses, de se considerar que um autor estrangeiro terá de escrever necessariamente melhor do que um autor nacional? Pensas que seria importante para combater tal estigma a internacionalização dos jovens autores Portugueses, entre os quais te inseres, com a tradução e apresentação das vossas obras junto do público estrangeiro? No imediato, em que língua e Pais ou países gostarias de arriscar a internacionalização da tua obra, e porquê?

 

Um autor estrangeiro não escreve melhor do que um autor nacional. O povo português precisa de dar uma hipótese aos autores lusófonos para mostrarem o que valem.

Tal como acontece com a literatura estrangeira, nem tudo nos agrada e lá por um ou outro autor português vos ter desagradado, isso não significa que se deve rotular tudo o que é nacional de “mau”, assim como não o fazem com os estrangeiros.

Os portugueses ainda não possuem grandes meios para se verem devidamente divulgados. Fazemos o que podemos e, aqui, falo como autora – divulgo o meu trabalho – e como blogger – divulgo outros.

Quanto à internacionalização, sim, sem dúvida que era muito positivo para o nosso mercado literário ter mais autores no estrangeiro. Desconheço como é que tal se concretiza, mas é algo que aspiro. Qualquer autor sonha em ver o seu trabalho a viajar pelo mundo.

No meu caso, não tenho preferência. Qualquer país que se mostrasse interessado em publicar os meus livros era um mérito, uma alegria sem igual.
 
 
   Para quem ainda não conhece a obra de Andreia Ferreira, aqui ficam os artigos relacionados com os seus dois livros:
 
Review de Soberba Escuridão

Review de Soberba Tentação

  Os nosso leitores ficam também convidados a visitar o blog de Andreia Ferreira:

Blog D311nh4 - de Andreia Ferreira

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pela sua opinião. Os comentários serão previamente sujeitos à moderação da administração da página e dos autores do artigo a que digam respeito, antes de publicação.