Autor: Júlio Magalhães
Género: Romance Histórico
Título: "Longe do meu coração"
Editora: A esfera dos livros
Páginas: 220
Sinopse:
"Joaquim não queria acreditar no que os seus olhos viam. Tinha saído a salto de Portugal, viajado apertado em camionetas de gado, andado quilómetros e quilómetros a pé, à chuva e à neve, quase tinha perdido a vida nos Pirenéus e agora estava ali. Na capital portuguesa em França. O sítio onde, todos lhe garantiam, podia enriquecer e concretizar os seus sonhos. Mas o que via era um bairro de lata. Sentia os pés enterrarem-se na lama. Olhava para as barracas miseráveis e para os fardos de palha que faziam as vezes de uma cama. Mas, Joaquim não estava disposto a baixar os braços. Em Longe do meu Coração retrata com mestria e realismo, o quotidiano dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor, sonhando um dia regressar ricos à terra que os viu partir pobres. Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção, com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro com emblema no capô, estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor. Mas, cedo Joaquim vai descobrir que há barreiras difíceis de ultrapassar."
Crítica/Opinião por: Cátia Correia/ Os Livros Nossos
Foi a minha estreia com este escritor portugês e que estreia!! Embora não seja o 1º livro dele foi com este que me estreei. É claro que a minha paixão por história também teve a sua influência, e para quem gosta, na minha opinião, este livro é de fazer chorar as pedras todas da calçada, eu própria ...
entre capitulos não consegui engolir a emoção.
É um livro absolutamente tocante e extrordinário, que retrata a fuga de portugueses para França na década de 60, antes da tão aclamada revolução, o chamado dar “o salto”, como se dizia na altura daqueles que clandestinamente tentavam passar as fronteiras portuguesas sem serem apanhados pela guarda ou perseguidos pela pide. E quem o conseguia sofria horrores, não só pela dolorosa e demorada viagem, pois viajavam à fome em camiões de gado, sem qualquer condição, ainda tinham que atravessar a pé os Pirinéus, onde muitos perdiam a vida, os que conseguiam resistir assim que chegavam a França eram largados e cada um ia à sua sorte..
E é este retrato que encontramos neste livro, contado pela personagem Joaquim, que partiu em busca de sonhos e quando lá chegou se deparou com maior miséria do que a que tinha em Portugal (o bidonville, como era apelidado, um dos maiores bairros de lata da Europa da altura, que era onde viviam os emigrantes nas condições mais deploráveis que se pode imaginar), no entanto apesar das condições de vida serem atrozes e inimagináveis para nós dos dias de hoje, França oferecia aquilo que Portugal não tinha: trabalho, mesmo sendo em situações de exploração, muitos portugueses conseguiram vingar na vida com a sua emigração, enquanto que outros só queriam voltar para a sua amada terra. E Joaquim foi um caso de sucesso, é claro com muito suor e trabalho, acabou por se apaixonar por um francesa, e ai travou nova luta, a de ser aceite pelos franceses como um igual, pois naquela altura, os emigrantes eram encarados como verdadeiros animais.
E só no final, após 23 anos de costas voltadas ao seu país e desiludido com o que teve que sofrer, Joaquim regressa a Portugal de visita e reata a sua relação patriótica com o pais.
Aconselho MESMO, a quem gosta de romance histórico, é um livro lindo, uma excelente leitura, fluida e acompanhada de imagens da época.
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