Blogue “O Nosso
Mundo Sobrenatural”
Informações:
Percepção – Uma Estranha Realidade é o
primeiro romance de Sara Farinha. Foi editado em Novembro de 2011, pela
Alfarroba, uma editora que se tem tornado numa verdadeira revelação.
Sinopse:
Joana cedo descobriu que os estados emocionais dos outros toldavam o
seu raciocínio e moldavam o seu comportamento. Em busca duma vida anónima,
Joana esconde-se em Londres, procurando ignorar a maldição que a impede de
viver uma vida normal. É aí que a sua vida se cruza com a de Mark, um
arqueólogo americano que viaja pelo mundo à procura de outros sensitivos como
ele. Joana relutantemente aceita a amizade de Mark, acabando por encontrar nele
o seu maior aliado na aprendizagem sobre a vivência dum sensitivo. As
capacidades crescentes de Joana atraem as atenções não só de Mark como do
Convénio, uma organização ilegal que pretende reunir sobre o seu domínio todos
os Sensitivos. É apenas quando a sua melhor amiga é posta em perigo, que Joana
descobre que a sua maldição pode ser um dom, e que a vida ultrapassa todos os
seus receios e expectativas.
Opinião:
Vou confessar que a minha
praia é a onda do Fantástico. Contudo, penso que não nos podemos limitar por um
único género e gosto de variar introduzindo um livro diferente entre a leitura
dos livros que tenho do Fantástico. A oportunidade surgiu quando a Isabel (administradora
do blogue) me ofereceu esta obra. Escusado será dizer que saltou para o topo da
minha lista. E ainda bem que assim foi. Assim e, não tendo muita experiência com este género de livros,
deixo aqui a opinião.
*
Numa escrita fluída, Sara
Farinha estreia-se com um enredo absolutamente fantástico e personagens
singulares. É de muito fácil leitura. Sei que parece cliché, mas lê-se mesmo de
um sopro!
Criou uma personagem principal
muito forte com uma grande inteligência emocional que tende a abafar essa
particularidade com receio de se magoar a si e aos outros. Sendo eu uma aluna
de Psicologia, ao ler o título, caí no erro de o julgar errada e
precipitadamente. A autora desmistificou os preconceitos que rondam as
sensações e as emoções. Não se deixou cair em clichés e aprofundou de uma forma
brilhante o significado de empatia, levando-o além-fronteiras. Literalmente.
A única crítica que pode ser
considerada menos positiva recai sobre o desenrolar da acção. No início, a
acção está um pouco estagnada, focalizada num monólogo interior sobre a sua
vida, o seu dom e a vida dos demais seres humanos. Especialmente a relação com
Mark, em que a ausência de muitos diálogos se faz notar, assim como, o pouco
desenvolvimento sobre o Convénio. Não irei revelar mais, porque estaria a dizer
demasiado, mas são pontos que, na minha opinião, poderiam ter sido melhor
explorados. Talvez, fosse essa a estratégia da escritora e a sua ideia não
fosse desenvolver demasiado os pontos que referi.
Ou, talvez, a autora tivesse
receio de que um maior desenvolvimento tornasse a história aborrecida. Só que
não o é, de forma nenhuma no meu parecer e, talvez por isso, nunca o seria. Mas,
mais uma vez, ressalvo a atenção para os julgamentos errados que fazemos,
principalmente, sobre os escritores portugueses que têm tanto ou mais talento
que os estrangeiros. Não se vê ainda é muita aposta neles. E a Alfarroba prima
brilhantemente por isso.
Quanto ao enredo, posso dizer
que é bastante interessante. Não há muitos livros assim e que sejam de autores
portugueses. A obra ficcional de Sara Farinha é um romance que se caracteriza
pelo mundo das emoções, pela busca do sentido da vida. Apesar de tudo, a
estagnação inicial é largamente compensada com um final repleto pelas duas
características já mencionadas (acção e suspense). Chegando a essa altura, não
consegui desgrudar os olhos das letras enquanto não terminei.
Gostei, voltaria a lê-lo e se
tivesse uma continuação, lê-la-ia de bom grado, onde pudesse ver um maior
desenvolvimento sobre o Convénio. Se não houver sequência, espero que a
escritora não pare de escrever, pois tem tudo para se afirmar dentro do género
(ficção). É esperar para ver.
Só me resta desejar à
escritora um futuro brilhante na arte da Escrita e um Obrigada pela história com
que nos presenteou. Venham mais!
Quanto à Alfarroba, uma
excelente aposta e… de uma escritora portuguesa. Adoro especialmente esse
pormenor: a aposta em escritores portugueses. Não me canso de o repetir!
Ivonne
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