1ª Edição: Novembro 2011
Editor: Alfarroba
Colecção: Romance
PVP: 12,90€
ISBN: 978-989-8455-24-6
Páginas: 186
Texto/Opinião por: Isabel Alexandra Almeida/Os Livros Nossos
O romance “A Devota”, do jovem
autor Ricardo Tomaz Alves,
surpreendeu-nos pela positiva, sendo, mais uma vez, uma prova de que em
Portugal existem bons escritores, com a mais valia de ser usada a narrativa
para dar a conhecer realidades e locais tão Portugueses.
A Devota conta-nos parte da história de vida de Sara, uma jovem criada
no seio de uma família Católica e bastante conservadora, mas que, como todas as
famílias, guarda alguns segredos que irão ser descobertos pela jovem, da
maneira menos desejável e mais dolorosa, sendo uma marca que terá repercussões
no futuro desta personagem.
Sara, após a morte do pai, irá experimentar a vivência num colégio de orientação
Católica, bastante conservador e repressivo, um mundo onde convivem o bem e o
mal, e onde irá descobrir a melhor amiga, o amor da sua vida, pessoas que
verdadeiramente a estimam e admiram, mas também o reverso da medalha das
relações humanas e institucionais, alguns inimigos, com destaque para as vilãs
Rute Oliveira e Irmã Joana.
A narrativa prima pela originalidade, e decorre a bom ritmo, sendo de fácil
leitura e mostrando-se com um estilo de escrita simples e acessível, mas em simultâneo,
bastante cuidado. E é bem mais do que um vulgar e simples romance, já que
desperta nos leitores mais atentos algumas reflexões de natureza filosófica e
até religiosa, bem como acerca do carácter e formação de personalidade dos
seres humanos, considerando-se a multiplicidade de factores que condicionam
tais factos (sejam eles, a família e o tipo de valores e formação ali
transmitidos, o ambiente do local onde se estuda e a orientação da escola ou
colégio, a maior ou menor predisposição para partir à descoberta de novos
horizontes de conhecimento, e a conciliação mais ou menos correcta, dos velhos
com novos valores e objectivos a alcançar num mesmo percurso de vida).
E mesmo os leitores mais românticos não vão ficar desapontados ao
acompanhar a evolução da belíssima história de amor que irá ser vivida entre
Sara e Tomás.
Apreciei, em especial, os percursos das personagens pela maravilhosa e
mística Vila de Sintra, e o ambiente vivido na “Casa”, onde se privilegia o
conhecimento e a cultura num espaço de enriquecimento e liberdade de expressão,
onde convivem espíritos que poderemos classificar de especiais e livres (ou que
aprendem a sê-lo).
E quase me atrevo a desejar que seria tão bom que muitos dos nossos
jovens, da actual geração, pudessem frequentar um local onde lhes dessem a
conhecer os grandes clássicos da literatura e também os autores contemporâneos,
numa sociedade de consumo onde os valores não existem (salvo honrosas e cada
vez mais raras excepções), e onde a cultura e a leitura são vistas como algo “assustador”,
“fastidioso” e mesmo “desnecessário”, porque é tão mais fácil carregar num
botão e ver um filme (do que ler um livro), ou pesquisar na internet (nem sempre
com a sensibilidade para distinguir as fontes fidedignas das que não o são).
Perdoar-me-ão o desabafo, mas
muitos dos nossos jovens das mais recentes gerações da aldeia global precisavam
de descobrir a sua “Casa” e o prazer em alargar os seus conhecimentos.
Obviamente que este meu desabafo não é “inocente” pois que para melhor o
entenderem, será vivamente aconselhável a leitura de “ A Devota”.
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