Neste mês de Julho, entrevistamos o autor Vasco Ricardo, que se estreou pelas lides literárias com o seu Thriler "A Trama da Estrela",publicado pela Pastelaria Studios, já alvo de análise aqui no blog. O Vasco é natural de França, onde residiu por dez anos, actualmente reside em Vila Nova de Famalicão. Desde já agradecemos a sua disponibilidade para responder a estas perguntas.
Segue-se, então a entrevista realizada por Liliana Novais.
(Foto gentilmente cedida pelo autor)
1.
Qual foi a sensação de ter o seu livro no
programa do Marcelo Rebelo de Sousa?
Conhecendo a idoneidade de Marcelo Rebelo de Sousa, bem como
a seriedade que impõe a cada opinião que incute, não podia sentir-me melhor. É
com um enorme orgulho que encaro o facto de o professor ter aconselhado o meu
livro como uma leitura a ter neste Verão. É, na realidade, mais um incentivo
para continuar a escrever.
2.
Como caracteriza a experiencia de lançamento e
divulgação do seu livro? Que tipo de feedback tem recebido da parte do público
leitor?
O lançamento foi engraçado. Senti-me estranhamente calmo.
Hoje sei que essa sensação de conforto se deveu em grande parte ao Joel Cleto
(historiador e apresentador) e à Teresa Queiroz (directora editorial) que
estiveram esplêndidos e aos quais, uma vez mais, agradeço. Correu tudo muito
bem. A divulgação tem sido surpreendente. Tenho tido alguma receptividade de
órgãos com os quais nunca tinha contactado antes, o que me leva a ficar esperançado
relativamente ao futuro próximo. O feedback dos leitores tem sido
extraordinário, e espero continuar a receber cada vez mais opiniões por parte
deles.
3.
Quais são as suas influências?
Não existe alguém que eu possa dizer que seja uma inspiração em
particular ou um autor que diga que se destaque de forma vincada sobre os
demais. Fico com um bocadinho de tudo o que leio. Na verdade, numa conversa
informal, Teresa Queiroz classificou a minha escrita como sendo anglo-nórdica,
algo sarcástica, algo directa. É um facto que gosto particularmente dos
escritores do norte da Europa.
4.
Pode-se dizer que o thriller é o seu género de
eleição?
Sim, o thriller é, dentro do que tenho feito, o género que se
tem evidenciado. Das ficções que escrevi o suspense e a acção têm sido
características permanentes. ‘A Trama da Estrela’ envolve uma conspiração,
outros, porém, são mais psicológicos ou sociais.
5.
Onde se inspira para escrever?
Geralmente surge-me uma ideia vinda do nada, ou através de um
pormenor que observo por um mero acaso. Já tive temas que surgiram a conduzir, no
multibanco, numa esplanada ou num aeroporto. É quase uma sorte aleatória. Quanto
ao acto da escrita propriamente dito, existe apenas uma coisa que me inspira: o
cursor do rato a piscar, à espera que lhe deite ‘a mão’.
6.
Como foi ver o seu primeiro livro editado?
Contrariamente ao que esperava, não me senti excessivamente
feliz ou realizado. Não considerei que tivesse sido um marco até então
inalcançável. Ainda hoje amigos fazem-me essa pergunta, ou outras similares, e
julgo que ficam desiludidos com a minha resposta aparentemente ausente. Este é
um livro que fiz com muito prazer, mas estou já a pensar nos próximos a
publicar e a escrever. Afinal, o que conta é o caminho a percorrer e eu espero
que seja um caminho muito longo.
7.
Segue um plano disciplinado, com horários
específicos para a escrita, ou aproveita a livre fluidez das ideias?
Não sigo planos nem tenho quaisquer rituais que necessite
para que o processo de escrita se desenvolva. Geralmente é de noite que
escrevo, quando o ambiente está mais calmo e as interrupções são menos
prováveis. Limito-me a ligar o computador e deixar que as palavras surjam. Na
maioria das vezes a inspiração aparece com o empolgamento daquilo que sai da
minha cabeça. Certas noites saem dez páginas, noutras apenas uma. Varia um
pouco com o momento da narrativa e com o meu estado de espírito.
8. Viveu em França 10 anos, baseou-se na sua
experiencia pessoal para a descrição de Paris?
Sim, não só de Paris como de outros
locais. Logicamente que Paris deu-me um gosto especial porque é a cidade mais
bela que já vi e pela qual tenho uma forte ligação. Aliás, já lá fui três ou
quatro vezes depois de ter me ter estabelecido em Portugal e conto visitá-la
novamente até ao final de 2013. Contudo, quando penso no capítulo que ocorre em
Paris sinto-me como se estivesse lá, com os personagens do livro, ainda que de
forma omnipresente.
9.
Perspectivas de futuro, veremos novamente as
personagens?
Essa é uma pergunta difícil de responder. ‘A Trama da
Estrela’ deixa alguns tópicos em aberto. Durante a apresentação, Joel Cleto assumiu
que achava que de entre as ficções que eu já tinha desenvolvido uma (ou mais) delas estava certamente relacionada com este livro. Tive de o desmentir,
felizmente apenas por essa ocasião, porque de facto não tenho. Contudo, se o
sucesso surgir, terei todo o gosto em dar vida a Mark, Rohan e Dana, assim como
aos conspiradores.
10.
Escreveu o seu livro após o nascimento da sua filha,
acha que o facto de ser pai influenciou?
Sim, o facto de ser pai influenciou em larga escala este
gosto que tenho desenvolvido. Na realidade, foi a partir do momento em que
soube que a Bianca vinha a caminho que comecei a escrever desenfreadamente e
não mais parei. Foi quase como um milagre.
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