domingo, 13 de novembro de 2016

[Renda & Saltos Altos] "Viciado no Pecado", de Monica James [Planeta]

Ficha Técnica:

Título: Viciado no Pecado


Autora: Monica James


Editora: Planeta


1ª Edição: Novembro de 2016


Nº de Páginas: 344


Género: Romance contemporâneo/erótico


Classificação atribuída no GoodReads: 5/5 Estrelas


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


Viciado no Pecado, corresponde ao primeiro volume de uma duologia erótica da autora Monica James que promete agitar os fãs deste género literário bastante bem sucedido em Portugal.

O [anti] herói desta trama é o Psiquiatra Dixon Mathews, um self made man, filho de emigrantes Italianos, afirmou-se por mérito próprio ao nível profissional no competitivo mundo Nova Iorquino, mas por trás da figura de profissional bem sucedido escondem-se muitos segredos, alguns deles perigosos e um homem que precisa de se reconstruir em termos emocionais, dando azo a uma líbido excessiva como forma de exorcizar traumas emocionais e perdas que marcam o seu percurso de vida.

Dixon, que facilmente nos seduz, pese embora o seu dark side, irá ver-se envolvido num curioso triângulo amoroso, Juliet representa o pecado, a perversão elevada ao expoente máximo, o poder concedido pelo sexo, a ausência total de tabus ou limites, algo que tanto assusta quanto atrai Dixon.

Madison é o reverso da medalha, uma jovem doce, inocente, em busca de protecção tanto de perigos actuais quanto passados que vestem a pele de demónios que ainda deixam marcas psicológicas bastante pesadas.

Verdadeiramente deliciosos são os encontros semanais entre Dixon e os amigos de longa data, o certinho Finch (casado, feliz e papá) e o sarcástico, desbocado e libertino Hunter.

Também Madison conta com o apoio da sua melhor amiga, a determinada Mary, sempre com língua afiada e mordaz, mas pronta a ajudar sempre que necessário.

Por quebrar estereótipos tão habituais neste género de romance contemporâneo, e por apresentar personagens com elevada densidade, este é já, um dos nossos preferidos deste ano, nesta categoria literária.

Imbuído da dosagem certa de erotismo, humor, tensão dramática e com reviravoltas que prometem causar sensação, é uma obra que tendo também um toque de romantismo, não deixa de nos brindar com acertadas reflexões sobre o mundo das relações amorosas e, até familiares. Fascinante também é a análise psicológica sobre o tema do vício, nas suas possíveis modalidades, que a autora conseguiu inserir na narrativa com algum humor e ironia, mas também de forma realista e espontânea.

Muitíssimo expectantes relativamente à continuação da história,  só podemos terminar esta crítica com um conselho: deixe-se viciar neste pecado, e não se irá arrepender.




Foto do livro: Isabel Almeida/Blog Os Livros Nossos - Todos os Direitos reservados

Nota: O livro foi gentilmente cedido pela editora para recensão crítica

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

[Secção Criminal] "Morre, Alex Cross", de James Patterson [Topseller]

Ficha Técnica:

Título: Morre, Alex Cross


Autor: James Patterson


Edição: Outubro de 2016


Editora: Topseller


Nº de Páginas: 352


Género: Policial


Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas



Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:

Morre, Alex Cross, de James Patterson, traz-nos mais um ritmado romance policial do prestigiado autor Norte-Americano da série do já conhecido detective da Polícia Metropolitana de Washington, com todos os ingredientes que encontramos num bom filme de acção.

Alex Cross vê-se envolvido na investigação do desaparecimento dos filhos do Presidente dos Estados Unidos - Zoe e Ethan Coyle enquanto a capital se vê sob a ameaça de uma misteriosa organização terrorista do Médio Oriente, enquanto as diversas forças de investigação unem esforços e ultrapassam rivalidades para tentar vencer os fortes desafios que se lhes colocam.

O protagonista, Alex Cross, mostra-se envolvido na sua paixão pela investigação policial, enquanto acompanha a elevada tensão das agências de investigação, sendo comum a todos os agentes policiais o medo de chegar demasiado tarde perto dos filhos do Presidente dos Estados Unidos.

Simultaneamente, assistimos à entrada em solo Americano do Casal Saudita Al Dossari, operacionais de uma perigosa organização extremista do Médio Oriente cujo objetivo é tirar vidas e lançar sobre Washington um manto de terror e medo extensível a toda a população local, ainda que, para atingir tais metas, tenham de perder as próprias vidas.

Somos novamente transportados para os corredores do poder, ao mais alto nível político, confrontados com a ameaça terrorista que paira sobre os Estados Unidos e tudo o que este pais representa no panorama político e económico global.

Heróis e Vilões desfilam perante os olhos dos leitores com personalidades bem vincadas, revelando inteligência, determinação e empenho nas respectivas causas.

Depois, como que para atenuar a elevada tensão da trama narrativa, voltamos a encontrar o núcleo familiar de Alex Cross, sendo impossível evitar um sorriso carinhoso com as tiradas e ensinamentos sábios da avó Regina (Nana). É fácil empatizar com a união do clã Cross.

Acção, perigo, uma verdadeira corrida contra o tempo, a conciliação possível entre as exigências da vida profissional e pessoal, no ritmo rápido e envolvente a que o autor já, há muito, vem habituando os seus leitores. Entretenimento ao mais alto nível, ideal para quem já é fã, ou para leitores que queiram descobrir Patterson no seu registo muito pessoal e costumeiro, que não desaponta.





quarta-feira, 2 de novembro de 2016

[Renda & Saltos Altos] "Puro Prazer", de Jess Michaels [Quinta Essência]


Ficha Técnica do Livro:

Título: Puro Prazer


Autora: Jess Michaels


Edição: Outubro de 2016


Editora: Quinta Essência


Nº de Páginas: 248


Género: Romance histórico sensual/erótico


Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


Puro Prazer, de Jess Michaels, corresponde ao segundo título da série Mistress Matchmaker. A acção decorre em Londres no Século XIX, no período da regência. 

A protagonista é Mariah Desmond, uma jovem cortesã que, tendo dedicado três anos da sua vida ao seu protector, vê-se desamparada e na miséria, após a morte deste.

Surge novamente como adjuvante [como no primeiro título da série, já editado pela Quinta Essência] a Cortesã Vivien Manning, como mentora da sua melhor amiga, incentivando-a a encontrar rapidamente um novo protector que lhe permita garantir o seu sustento.

O herói começa por ser um anti-herói, é o libertino John Rycroft, neto de um duque, apesar de não possuir título nobiliárquico, é um homem rico que conseguiu ser bem sucedido enquanto empresário na área dos transportes. Conhecido por ser um verdadeiro coleccionador de mulheres, com as quais apenas mantém relacionamentos no campo puramente físico, assumindo um bloqueio emocional que o impede de amar e assumir o papel de protector de qualquer mulher.

Mariah irá fazer recair sobre si as atenções de John Rycroft, ironicamente, um velho conhecido seu, que havia sido o melhor amigo do seu falecido protector. Entre ambos começa a ser assumido um evidente e inegável desejo físico, que poderá comprometer seriamente o futuro de Mariah, a quem só resta a solução de encontrar um novo protector, papel este que John sente ser incapaz de assumir.

Pleno de intensas descrições de teor sexual no já bem conhecido estilo de Jess Michaels, mostrando uma excelente química entre os protagonistas e uma boa contextualização do desenvolvimento da relação entre Mariah e John, a autora consegue conferir às personagens profundidade psicológica e ainda condimentar a narrativa com segredos perigosos, levando-nos também a reflectir acerca da condição feminina na Inglaterra do Século XIX, onde as cortesãs (mulheres que viviam como amantes fixas de nobres ou burgueses, que eram designados por protectores) eram julgadas socialmente como seres inferiores, à margem da sociedade e verdadeiras mulheres-objecto, sendo sujeitas a duras humilhações quando caiam em desgraça.

Mariah, embora seja uma pessoa experiente ao nível amoroso e sexual, acaba por nos revelar uma ambiguidade interessante, é extremamente emotiva e até algo ingénua em termos afectivos. É impulsiva, apaixonada e determinada.

Por sua vez, no passado de John, o qual teremos oportunidade de desvendar, encontramos a resposta para a sua rigidez e bloqueio emocionais.

Intenso, ousado, com a dose certa de sensualidade, paixão, romance, intriga, análise social, perigo e acção, temos em mãos um romance que promete aquecer o início da época mais fria do ano. Instale-se no seu cantinho de leitura e prepare-se para vibrar.


Leia AQUI a crítica do blog Os Livros Nossos ao primeiro título desta série "Ensina-me a amar"




segunda-feira, 31 de outubro de 2016

[Guest Blogger - Conto de Halloween] #3 - Encontros na Madrugada [Anita dos Santos]


Um conto de Halloween pela escritora Anita dos Santos, para o Blog Os Livros Nossos.






Encontros na Madrugada

Era inverno.
Os dias eram curtos e cinzentos pontuados pela chuva, ora forte acompanhada pela trovoada, ora aquela chuva que parece ofuscar os olhos de tão fina, envolvendo tudo num silêncio ensurdecedor.
O amanhecer era tardio e, a claridade do dia terminava abruptamente cedo.
Para mim, amanhecia muito mais cedo, visto ter de apanhar várias – três nem menos – camionetes de carreira para chegar ao trabalho, durante um percurso de três longas horas.
Nunca gostei especialmente do frio e da chuva. E de ter de andar a calcorrear as ruas pela madrugada, debaixo de chuva, ainda menos.
Noite cerrada às cinco e quarenta da manhã.
Na rua não se vê viva alma.
O caminho desde minha casa para a estação da camionagem, com o percurso mais curto, passa pela azinhaga por trás do cemitério, trajeto que evito sempre que posso.
Chove. Aquela chuva que parece uma nuvem de nevoeiro, bem cerrado, mas que não dá para abrir chapéu. Os candeeiros só começam a surgir lá mais a baixo, por ali não há nada, só a pouca luz da lua embaciada e de uma ou outra estrela que teimosamente se mantem no céu.
Na rua só se ouve o ruido dos meus passos a pisar as pedras da azinhaga e a esmagar a terra do caminho. Por fim chego ao asfalto e, solto um suspiro.
Cheguei aos candeeiros. Falta ainda passar o portão do cemitério…
Aperto o passo de cabeça baixa para evitar a chuva.
Quando passo o portão do cemitério e chego à rampa da descida seguinte, penso “por fim!”. E estaquei de repente no meio da estrada.
Encharcada, magra e pequena, olha-me de frente com olhos arregalados como pratos por entre a chuva desde o meio da estrada!
Ficámos por uns momentos como que suspensas no tempo, os olhos de uma nos olhos da outra.
Não sabia se devia respirar ou não. O coração batia-me a mil!
De repente, em três saltos bem medidos, pulou para a moita mais próxima da berma, as longas orelhas a abanar e o pelo espetado por todo o lado numa figura deplorável!
Permaneci, no meio da estrada, ainda por instantes, e depois soltei uma gargalhada, com a mão na barriga ainda encolhida.
Tinha tido o meu primeiro encontro imediato de terceiro grau com uma lebre, que pelos vistos ficou tão assustada como eu!


[Sobre a autora]:


Anita dos Santos é natural de Alcântara, Lisboa, residindo há mais de uma década na Ericeira com o seu marido e filhos.

Depois de trabalhar trinta e nove anos na área financeira, sem horários nem tempo pessoal, dá por si com todo o tempo disponível.

A sua paixão sempre foram os livros. Mas não só. O sonho de escrever esteve sempre presente.

Agora, com o tempo, nasceu o sonho com o seu primeiro livro “Crónicas de André e Vicente – O Bosque dos Murmúrios”.

Este ano, em Outubro, Anita lançou o segundo livro "Crónicas de André - A Cidade das Brumas"

Visitem a página da autora no Facebook AQUI

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

[Histórico] "Os Espiões do Papa", de Mark Riebling [Editorial Presença]


Ficha Técnica:

Título: Os Espiões do Papa

Autor: Mark Riebling

Colecção: Biblioteca do Século

Edição: Outubro de 2016

Editora: Editorial Presença

Nº de Páginas: 424

Nota: O exemplar da obra foi gentilmente cedido pelo editor para artigo de crítica literária.

Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI





Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos com jornal Nova Gazeta:


O ensaio histórico Os Espiões do Papa, integra a colecção Biblioteca do Século, com chancela Editorial Presença, e reúne todas as características necessárias para se tornar numa obra de referência, sustentada sobre um excelente edifício de  pesquisa de relevantes arquivos e documentos que retratam o ambiente da espionagem e contra-espionagem envolvendo o Vaticano e o Papa Pio XII no decurso da II Guerra Mundial.

Mark Riebling destaca-se pela proeza de ter produzido um ensaio histórico sério, credível, mas que proporciona uma leitura acessível, entusiasmante e que agarra o leitor de forma sólida, ao longo de toda a narrativa, revelando-nos personagens fortes, corajosas e que conquistaram, por direito próprio, o seu lugar na história contemporânea, sendo de destacar Pio XII, que chegou mesmo a ser injustiçado ao ser considerado apoiante do regime Nazi e de Hitler, o que não poderia estar mais longe da verdade, conforme decorre da leitura desta obra.

Assume papel de relevo nesta narrativa Josef Müller, advogado Alemão, um homem carismático, íntegro, destemido e inteligente, que nunca hesitou em arriscar a própria vida em nome dos ideais de liberdade e democracia nos quais acreditava, assumindo o controlo e organização de diversas iniciativas de espionagem, fazendo a ligação entre o Vaticano e as forças religiosas civis e militares que, sob o signo do segredo, procuravam pôr fim à barbárie causada pelo Nazismo. Um protagonista verdadeiramente fascinante, com o qual empatizamos facilmente.

É perceptível ao leitor a posição bastante delicada em que Pio XII se viu colocado, uma vez que agir em nome do Vaticano - um Estado Autónomo - poderia agudizar ainda mais a já visível tensão de uma Europa em Guerra e colocar em risco princípios de Direito Internacional e actuar enquanto figura de proa da Igreja Católica poderia colocar em risco a segurança do Vaticano, perante a ameaça Nazi. Muitas vezes, Pio XII calou perante o mundo a sua dor e a sua revolta perante a perseguição e destruição de milhares de Judeus, é, portanto, um homem humano e solidário  aquele que aqui encontramos, a par do político e diplomata hábil, astucioso e algo frio que tantas vezes a história procurou apresentar.

A leitura desta obra surge como uma verdadeira pedrada no charco em termos daquilo que sempre tivemos por certo acerca deste período negro da história contemporânea da Europa e do mundo. Por vezes, os factos históricos, tal como nos são transmitidos inicialmente, dão azo a generalizações erróneas. O presente ensaio mostra-nos toda a rede de resistência interna Alemã ao regime Nazi, o apoio discreto mas eficaz do Vaticano a estas acções.

Interessante também são as reflexões no âmbito da filosofia política e religiosa que permitiram a estes homens justificar perante o mundo e perante as próprias consciências a eventual necessidade de cometimento de tiranicídio na pessoa de Hitler.

Com a estrutura própria de uma obra de ficção, onde nem sequer falta uma elevada dose de permanente suspense, perigo e intriga, heróis e vilões, justiça e injustiça, tudo em crescendo até ao desenlace final, num ritmo e envolvência verdadeiramente arrebatadores.

Brilhante, assente numa sólida base de pesquisa, e bastante revelador. Indispensável para quem goste de história.


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

[Guest Blogger] #2 O lançamento de "Vaticanum", de José Rodrigues dos Santos, na perspectiva de uma fã [São Martins]

São Martins é leitora viciada e fã assumida do autor Português José Rodrigues dos Santos.

São esteve presente no lançamento do 16º romance do autor - Vaticanum - e conta-nos como foi e o que sentiu;


O jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos acaba de lançar o seu 16º romance, com o título Vaticanum. O romance está à venda desde o passado dia 6 do corrente mês, tendo a apresentação tido lugar no passado Sábado, dia 8, pelas 17 horas, na Sociedade de Geografia de Lisboa, onde estiveram presentes cerca de 700 pessoas. A apresentação esteve a cargo de João Paulo Batalha, director executivo da Associação Cívica Transparência e Integridade. A cerimónia contou ainda com uma representação teatral, a cargo do grupo de teatro amador de Tomar Fatias de Cá, onde foi representada uma das cenas mais marcantes da obra: o rapto do Papa por fundamentalistas islâmicos. Houve ainda espaço para uma actuação do grupo de canto gregoriano do Instituto Gregoriano de Lisboa, a quem coube a abertura da cerimónia. 

A cerimónia de apresentação deste 16º romance do autor teve, como habitualmente, a característica de não se limitar a ser uma apresentação de um livro na forma tradicional. Além da sessão de canto Gregoriano , houve como já referi a encenação de uma pequena peça de teatro, que retratou uma das passagens do romance. Esta representação teatral teve as suas características muito peculiares e momentos de humor. Os exemplos mais característicos aconteceram quando a personagem do Papa explicou que tinha decidido ir à apresentação daquele livro, pois ao ver a fotografia do autor, tinha concluído que um homem com umas orelhas assim seria seguramente capaz de ouvir a palavra da salvação. Houve também o momento em que a personagem Tomás Noronha referiu que se o José Rodrigues dos Santos estava à espera que ele lhe chamasse pai, podia esperar sentado. O momento mais forte da pequena peça foi, no entanto, quando o Papa foi levado e o próprio autor entrou na brincadeira e, no seu tom de reportagem de guerra, pediu às pessoas para manterem a calma, para não entrarem em pânico, nem abandonarem a sala, pois ia tentar perceber a razão daquele imprevisto. Confesso que houve ali umas fracções de segundo em que receei que o feitiço se tivesse virado contra o feiticeiro e, por coincidência, estivesse mesmo a acontecer alguma coisa terrível.

A cerimónia foi seguida de uma sessão de autógrafos.
José Rodrigues dos Santos, o escritor que é, neste momento, o que mais vende em Portugal, contando já também com livros editados com sucesso em países como França, Espanha e Bulgária, nasceu em Moçambique, na Beira, no dia 1 de Abril de 1964. Viveu os primeiros anos da sua vida naquela antiga colónia portuguesa, tendo vindo viver para Portugal aos 10 anos. Numa primeira fase, depois da separação dos pais, que aconteceu logo após o regresso, viveu com a mãe, em Lisboa, mas os problemas económicos desta levaram a que fosse, juntamente com o irmão, cinco anos mais novo, viver com o pai e a família deste, para Penafiel, norte do país. Foi com o pai e o irmão que viajou para Macau aos 15 anos, tendo regressado a Portugal aos 17, a fim de estudar Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, onde veio posteriormente a ser professor-auxiliar até há pouco tempo atrás, cargo que terá deixado por falta de disponibilidade.

 Terminada a licenciatura, decidiu usar o dinheiro da herança do pai, entretanto falecido, para estagiar em Londres , na BBC. Ao voltar a Portugal, ficou ao serviço da RTP, onde continua a trabalhar como pivot do Telejornal e, ocasionalmente, ainda como repórter. Na vida pessoal, José Rodrigues dos Santos é casado há 28 anos com Florbela Cardoso e tem duas filhas, Catarina, de 25 anos e Inês, de 18. 

Este 16º trabalho literário, Vaticanum, traz de volta o seu protagonista mais conhecido, Tomás Noronha e é centrado na corrupção que existe dentro da Igreja Católica, tendo início com o rapto do Papa.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

[Guest Blogger] #1 Porque também de nós reza a "estória" [Madalena Barreto Condado]


Damos início a uma nova rubrica no blogue, onde contaremos com guest bloggers.

A primeira convidada é a escritora Madalena Barreto Condado, que nos conta a sua experiência como repórter no lançamento do segundo livro da escritora Anita dos Santos.

O texto que aqui publicamos integra a rubrica semanal de crónicas que Madalena assegura no jornal digital Diário do Distrito



"Porque também de nós reza a "estória"


Não somos ninguém e somos toda a gente. Somos filhas, mães, avós. Somos quem somos. Nada nos liga e tudo nos atrai. Somos sonhadoras. Perdemos umas vezes e ganhamos outras tantas. Mas acima de tudo não deixamos de acreditar. Acreditamos que o amanhã será melhor do que o hoje, levamos os nossos sonhos sempre mais além, entramos numa corrida de obstáculos e sabemos que alcançámos a nossa meta quando olhamos à nossa volta e sentimos que o nosso trabalho importa não é somente mais um entre tantos. Afinal somos novas autoras, mas com tanto para contar. E no sábado passado esse foi o momento da Anita dos Santos.

Num encontro no magnífico Clube literário da Chiado Editora, onde com casa cheia foi apresentado o seu segundo livro. Na mesa ladeada pelas suas duas oradoras convidadas e a sua representante editorial a Anita irradiava a sua própria luz. Não pensem, contudo, que era um momento para mulheres. Não! Era um momento para leitores, para nós que continuamos a gostar de ter um livro nas mãos, de o folhear, de cheirar as suas páginas, de mergulhar nesses mundos fantásticos onde somos sempre de alguma forma surpreendidos.   

É um dia de sentimentos díspares sabemos que uns vão amar a nova criação pelo que comporta e outros vão odiá-la pela mesma razão. Mas para o seu criador é sempre mais um bocado de si que tão amavelmente oferece. Acabaram os meses de escrita onde em cada página fica tanto, uma lágrima, um sorriso, um nome, um momento, um local, uma saudade que nunca acaba. E já no final surge aquela capa pois não poderia ser outra.

Confesso que o que mais me marcou neste novo livro, foi o desenho do mapa feito pelo marido e por um dos filhos da autora. E não é que faz todo o sentido, afinal quando escrevemos fazemo-lo porque temos o apoio incondicional das pessoas mais importantes na nossa vida e elas correspondem-nos com a mesma intensidade. 

Não posso deixar de me congratular por saber que ficou no ar a promessa de que a estória não acaba por aqui afinal o André e o Vicente ainda têm tanto para nos contar.

E foi assim no passado sábado a apresentação da Anita com a sala cheia, com todos os pormenores bem delineados. Envelopes azuis escondidos nas costas de algumas cadeiras com frases que eram lidas pela assistência. Imagens de árvores espalhadas por toda a sala onde a curiosidade não deixa de ser que os Druidas do livro têm os seus nomes. Um pequeno teatro em que a autora contou com a colaboração de dois leitores presentes no público, a leitura de alguns excertos do livro e muito, muito mais.
Quando terminou foi difícil vir embora, mas fi-lo com a certeza de que esta estória tem continuação e gostava de me despedir utilizando as palavras da própria autora: 

“As palavras que lia não seriam muito diferentes daquilo que escrevo hoje, pelo menos na minha imaginação”

Desejo-te muito sucesso Anita dos Santos e se me permites vou mergulhar n’ “A Cidade das Brumas”.





segunda-feira, 26 de setembro de 2016

[Secção Criminal] "A Rapariga no Comboio [Topseller]


Ficha Técnica do Livro:


Título: A Rapariga no Comboio


Autora: Paula Hawkins

Editora: Topseller [Grupo 20/20]


1ª Edição: Junho de 2015


Edição Actual: 18ª


Páginas: 320


Género: Thriller




Crítica por Cláudia de Andrade para o Blog Os Livros Nossos:


Presa no remoinho do dia-a-dia, vivendo cada dia de uma forma automática como se fosse passageira no próprio corpo, amaldiçoada a viver os dias sempre iguais… Como se a vida não fosse mais do que uma longa e melosa espera pela morte… Esta é Rachel, a personagem principal.

Quando o seu casamento acaba, Rachel passa a viver dormente. Assombrada pela nova vida idílica do ex-marido, com a sua nova esposa perfeita e bebé recém-nascida… Rachel parece o contraste total, desfeita pela separação e pela morte do sonho de uma vida ao seu lado. 

Entregue ao álcool, após perder o emprego, com o dinheiro a acabar e a viver no quarto de uma amiga a quem ainda nem teve coragem de contar que está desempregada, Rachel continua a apanhar todos os dias o comboio para Londres, como se este facto a mantivesse agarrada a uma ténue normalidade.

Durante a viagem vai imaginando a vida das pessoas que vê pela janela, em especial a de um casal que mora na sua antiga rua… em particular da mulher da casa, da qual aguarda ansiosa um vislumbre… a quem imagina um nome, uma profissão, confabulando uma vida de sonho. A vida que talvez, num passado distante, tenha imaginado para si mesma.

Numa manhã nota algo errado com o casal que observara há tanto, algo breve, quase ininteligível… e mais tarde vem a saber que a mulher que preenchia o seu imaginário está desaparecida…

Embrenhada na bruma do álcool, Rachel vê-se arrastada para uma investigação em que passa de pessoa de interesse, a suspeita, a bêbeda obcecada… a incómodo não relevante.

Mas a verdade é que Rachel viu mais do que pensa…sabe mais do que imagina e está mais ligada ao que aconteceu do que se permite aceitar...

Os pontos começam-se a unir… 

Mas será que pode confiar em si mesma?

Com a adaptação a espreitar nas salas de cinema, com a magnífica Emily Blunt no papel principal, torna-se inevitável ler este thriller que nos mantém nas pontas dos pés…dos dedos até ao final.

Dia 5 de Outubro será possível encontrar o filme nas salas de Cinema Nacionais!





segunda-feira, 29 de agosto de 2016

[Renda & Saltos Altos] " O Terno Rebelde", de Johanna Lindsey [ASA]


Ficha Técnica do Livro:


Título: O Terno Rebelde


Autora: Johanna Lindsey


Série: Malory (Vol. II)


Edição: Junho de 2016


Editora: ASA [Grupo LeYa]


Nº de Páginas: 384


Género: romance histórico sensual/Regência


Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


O Terno Rebelde, de Johanna Lindsey, corresponde ao segundo título da série Malory, publicada em Portugal com chancela ASA [Grupo LeYa], sendo a  mais popular das séries de romances desta prolífica autora Norte- Americana Besteseller do New York Times.

A acção decorre na Inglaterra da Regência, em 1818 e dá continuidade à saga dos Malory, uma invulgar e extensa família nobre que conta entre os seus ascendentes com uma avó de origem cigana. O carácter diferenciador dos Malory é serem uma família nada convencional. No primeiro livro assistimos à história romântica de Regina Ashton e do Visconde Nicholas Eden.

Neste segundo romance da saga assistimos ao desenrolar do inesperado romance entre Anthony Malory, um incorrigível e sedutor libertino, quarto filho da família Malory, e Roslynn Chadwick, uma explosiva e bela aristocrata das Terras Altas da Escócia.

Roslynn Chadwick procura refúgio em Londres, junto da sua amiga Lady Frances, receando que o seu vil, ambicioso e perigoso primo Geordie a force a casar, para deitar a mão à sua fortuna recentemente  herdada após o falecimento do avó Duncan Cameron.

Pela calada da noite Roslynn, acompanhada da sua fiel criada Nettie, parte para Inglaterra com o propósito de encontrar rapidamente um marido conveniente , que lhe permita conservar a fortuna e dar largas ao seu estilo de vida independente e determinado, livrando-a do perigo que constitui o seu perverso primo.

Embora o avô lhe haja transmitido que um libertino pode ser um excelente marido, caso se apaixone pela mulher que venha a ser sua esposa, a jovem, muito por influência da amiga Frances [que sofreu uma forte desilusão amorosa com um libertino, que  a conduziu ao seu casamento sem amor] impõe a si mesma não considerar nenhum libertino como candidato a marido.

Mas o destino prega partidas, e Anthony encanta-se com a intrépida Escocesa e descobre em si um instinto protector que desconhecia, além de um intenso desejo pela jovem que se torna difícil refrear, e que o farão questionar a continuidade da sua postura libertina e independente, pela qual é conhecido entre a sociedade Londrina.

O perigo de rapto e casamento forçado com o primo Geordie é , afinal, bem real e a ameaça paira sobre Roslynn e sobre todos aqueles que lhe são mais próximos, podendo mesmo colocar vidas em risco, quando a ambição é mais forte de que os valores de família.

Anthony recebe em sua casa, como hóspedes, o seu irmão James [um sensual pirata e também aristocrata] e o filho deste, o jovem Jeremy, que assistem espantados e deliciados às mudanças na atitude do famoso libertino.

Um relacionamento turbulento, apaixonado e que se converte numa luta de titãs, irá surgir entre Anthony e Roslynn, levando ambos ao limite da teimosia, travando uma dura batalha pela aceitação mútua e pela construção de uma relação de confiança, somando-se à intensidade das emoções e das sensações de que desfrutam quando se envolvem fisicamente.

Um dos aspectos mais interessantes deste romance, e inerente também à série, é o facto de ser evidente a união e o apoio que se verifica entre os Malory, uma família constituída por pessoas com personalidades e perspectivas de vida tão díspares, unida sob o signo do amor.

Roslynn é uma protagonista dona de uma personalidade marcante, é determinada, tem mau génio que se atribui ao sangue Escocês, e quando fica nervosa usa o sotaque das Terras Altas da Escócia que logo a denuncia junto de quem bem a conhece. É também algo ingénua e por vezes indecisa e algo insegura, o que lhe trará algumas contrariedades na relação com Anthony.

Paixão, intensidade de sentimentos, perigo, ambição e amor fraternal, à mistura com toques de sensualidade, dão o tom certo à paleta de emoções que é este romance que nos transporta à Regência Inglesa com todos os deliciosos detalhes de aceitação e crítica social. Uma excelente leitura de Verão que recomendamos!





quinta-feira, 25 de agosto de 2016

[Renda & Saltos Altos] " Retrato do meu Coração", de Patricia Cabot [Quinta Essência]


Ficha Técnica do Livro:


Título: Retrato do meu Coração


Autora: Patrícia Cabot


Edição: Agosto de 2016


Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]


Nº de Páginas: 400


Classificação Atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas


Género: Romance Histórico Sensual/Época Vitoriana


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


Retrato do meu Coração, de Patricia Cabot é um delicioso romance feminino com cenário na Época Vitoriana, cuja acção decorre entre 1871 e 1876, no Yorkshire e em Londres, e que chega ao público Português com chancela Quinta Essência O livro integra uma duologia, tendo o primeiro livro da série sido publicado sob o título Rosa Selvagem, pela Chancela Livros D´Hoje do Grupo Leya. Todavia, este segundo romance pode ser lido individualmente, na medida em que a continuidade das obras é meramente geracional, se assim quisermos apelidar a circunstância de o protagonista masculino deste romance ser sobrinho do Casal que protagoniza o primeiro título.

O romance encontra-se dividido em duas partes, as quais se mostram separadas por um hiato temporal de cinco anos, na acção. Na primeira parte ficamos a conhecer os dois protagonistas, que foram amigos de infância, mas que se reencontram após alguns anos descobrindo que se encontram já num diverso patamar em termos de maturidade psicológica e sexual, pois é inegável que, além da cumplicidade das brincadeiras de criança que partilharam, há entre ambos uma evidente atracção física e sexual.

Jeremy, 17º Duque de Rawlings, é um homem atraente, sedutor, mas um perfeito e incorrigível libertino, sem propensão para estudar e para assumir na sua plenitude as funções inerentes ao ducado que herdou do pai, e cujo exercício na Câmara dos Lordes se encontra delegado no seu tio Lorde Edwards. Sucessivamente expulso dos melhores colégios privados cuja frequência seria desejável pela sua fortuna e elevada posição social, recebe do tio um sério ultimato, no sentido de encontrar um rumo certo e responsável na vida, deixando de seduzir jovens mulheres sem assumir compromisso.

Alertado pelo tio para a necessidade de assumir uma vida responsável e adulta, Jeremy pede em casamento Margaret Herbert, filha do seu administrador, sua amiga de infância, mas receosa de não estar à altura de ser uma Duquesa, e no momento em que surge a hipótese de abraçar a sonhada carreira de pintora (projecto em que conta apenas com a aprovação da mãe Lady Herbert), Maggie recusa o pedido e, desiludido mas determinado, Jeremy parte para uma carreira militar na Ìndia, ao serviço de sua Majestade, uma tarefa que, por norma, então era destinada aos filhos de nobres que não tivessem título a receber para si mesmos.

Apesar de terem estado separados, ao saber que Maggie, entretanto tornada já uma talentosa retratista e pintora com formação em Paris, se encontra comprometida com um jovem galerista Francês - Augustin Veygeux - ainda que acometido de Malária, Jeremy regressa de surpresa ao Reino Unido, acalentando a esperança de reconquistar Margaret, mas o caminho não se revela fácil.

Margaret continua secretamente apaixonada pelo Duque de Rawlings, mas perante um silêncio total durante cinco longos anos onde apenas soube das suas façanhas militares através de esparsas cartas à tia - Lady Edawards - ou pelas notícias publicadas no The Times, rendeu-se às evidências de o destino de ambos ser percorrido por caminhos díspares.

Um sem número de peripécias, muita acção, perigo e a teimosia de ambos os protagonistas arrastam as leitoras para um interessante romance de época, onde se destaca a rigidez da sociedade Vitoriana, onde as mulheres eram vistas como prováveis mães de família, sem direito a terem uma carreira própria (que era encarada como escandalosa e reprovada familiar e socialmente). Também interessante é o papel de relevo da imprensa da época, em especial, o prestigiado The Times que impunha um verdadeiro dogma informativo, mesmo quando a realidade era bastante diversa dos relatos que chegavam ao jornal - o Duque de Rawlings vê-se confrontado com uma imprecisão narrativa e jornalística que  o coloca erradamente como noivo da Estrela do Jaipur, alegadamente uma princesa Indiana que lhe fora "oferecida" como recompensa pelo Marajá (tio da Princesa) pelos honrosos préstimos militares do jovem.

Já Margaret é uma personagem também muito bem construída, sendo uma jovem voluntariosa, determinada, uma artista na sua verdadeira essência, que se vê discriminada e abandonada pela família, após o falecimento da mãe que era a sua mentora e apoiante, apenas pelo facto de trabalhar como pintora e fazer disso uma profissão remunerada, almejando alcançar a sua independência financeira através deste metier. Apesar de apaixonada, Maggie nunca se revela submissa perante o Duque, contestando, reclamando e sendo até agressiva quando não concorda com as circunstâncias que os rodeiam e com o modo como este aborda as questões da convivência entre ambos.

Margaret e Jeremy deixam-se enredar nas malhas da forte atracção que os une, acabando por ceder ao turbilhão de desejo que os atinge, sendo bastante intensas as cenas de natureza sexual que a autora descreve entre ambos, às quais não são alheias as emoções à flor da pele, e o conflito interno que os jovens vivenciam, quando tudo parece perdido quanto à possibilidade de um futuro em comum há muito sonhado.

Por sua vez, o perigo que ronda o Duque, que começa a ser alvo de tentativas de homicídio, ainda mais contribui para enriquecer a trama.

Carinho, paixão, orgulho, determinação, luta por ideais, redenção, perigo, exotismo e sensualidade resultam em linhas que lemos com muita atenção e indiscutível prazer, numa viagem a outras eras que é sempre fascinante.

Leia no blog as críticas a outras obras da autora, basta seguir os links abaixo:





segunda-feira, 22 de agosto de 2016

[Secção Criminal] "Maestra", de L. S. Hilton [Editorial Presença]


Ficha Técnica:


Título: Maestra


Autora: L. S. Hilton


Edição: 9 de Junho de 2016


Editora: Editorial Presença


Nº de Páginas: 304


Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 Estrelas


Género: Thriller Contemporâneo




Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


Maestra, de L. S. Hilton é um thriller contemporâneo que, assumidamente, comporta uma forte componente erótica.

Trata-se de uma obra com características bastante diferenciadoras, considerando o que, ultimamente, vem sendo publicado no panorama da literatura deste género literário, quer internacionalmente, quer em Portugal.

A acção começa em Londres, onde Judith Rashleigh, a ousada protagonista desta narrativa, trabalha enquanto funcionária de base de uma prestigiada leiloeira - British Pictures. Conhecedora do mundo das artes, devido à formação académica [Mestrado nesta área], culta e com gostos sofisticados por apetência pessoal e por diversas leituras autodidactas, embora seja tenha origem social bastante humilde, sendo filha de uma mãe alcoólica, Judith sonha ascender profissional e socialmente no competitivo e elitista mundo das Galerias e coleccionadores de arte de diversos períodos históricos.

Por mero acaso, reencontra uma colega de escola - Leanne - que a desafia a colaborar com um bar de acompanhantes, onde poderá aumentar os seus parcos rendimentos, e a partir daqui tudo se precipita na vida de Judith, muito por culpa do acaso ou do destino, consoante queiramos designar os circunstancialismos de vida.

Envolvida inadvertidamente em circunstâncias menos felizes, nomeadamente, correndo o risco de ser acusada (ainda que  em boa verdade, sem que seja sua culpa directa) da prática de um homicídio, despedida do emprego na Leiloeira devido a ter-se imiscuído em esquemas menos transparentes nos quais o chefe - Rupert - era mentor e não vítima.

 Judith acaba por embarcar numa existência quase ilusória [ilusão esta que pode acabar a todo o momento] que a leva pelos locais onde habitualmente se divertem as classes altas da Europa - Riviera Francesa, Santa Margherita [Itália], Roma, Lago Como [Itália], Genebra, Paris e Veneza, onde somos brindados com uma alguma ironia e sátira social à vida fútil e de mero exibicionismo de certo Jet Set Europeu, onde o prestígio  dos homens se mede pelo tamanho dos seus Iates.

Gradualmente, vamos acompanhando bem de perto o percurso pessoal de Judith a qual se move num universo de sofisticação, risco permanente, alta tensão e iminente perigo de ser desmascarada, ingressando num crescendo de violência e crime que encara como modo natural de remover obstáculos da sua vida.

Encontramos uma anti-heroína perversa, sofisticada, culta, inteligente, amoral e totalmente desprovida de empatia e emoções (esta última constatação leva-nos a querer desvendar todos os cambiantes desconhecidos do seu passado, mas conseguimos cruzar-nos com a existência de uma mãe alcoólica e certamente ausente, com bullying escolar e com a ausência de referências a qualquer figura paterna, o que naturalmente poderá ajudar ao desenvolvimento de uma personalidade anti-social, à ausência de emoções, e à frieza canalizada para a prática de actos violentos que são encarados como perfeitamente naturais).

O erotismo que pontua toda a obra surge também enquanto factor muito entranhado na personalidade da protagonista, sendo o sexo e o desejo formas de exercício de poder e que dão a Judith a ilusão de superioridade, numa identidade pessoal que, em termos psicológicos, encontrou sérios obstáculos ao seu desenvolvimento.

Trata-se de uma obra forte, intensa, com tanto de cruel e gráfica na descrição dos crimes, quanto de viciante no seu todo.

Com diversas referências culturais, nomeadamente, no mundo da arte, cenários de sonho, alta tensão. perigo permanente, um ritmo narrativo trepidante e um inesperado final que acaba por ter o seu "quê" de cliffhanger deixando os leitores a ansiar pela continuação da história estamos perante um romance que adoramos ou detestamos (sem lugar a meio-termo) mas ao qual certamente ninguém pode ficar indiferente.

Aguardamos também, com expectativa, a adaptação da obra ao cinema que já de encontra a cargo de Cressida Wilson, a argumentista responsável pela adaptação do Thriller psicológico "A Rapariga no Comboio" .

Pessoalmente, adorámos e lemos de uma assentada, mais um título na galeria dos preferidos deste ano.



domingo, 21 de agosto de 2016

[Blog Blast & Giveaway] "A Taste of Seduction", by Bronwen Evans [Book Obsessed Chicks -Media Partnership]


A TASTE OF SEDUCTION ( The DISGRACED LORDS SERIES BOOK 5) by BROWEN EVANS

Release Date :  Tuesday, August 16, 2016

Historical Romance from LOVESWEPT

[ BOOK BLURB]:

The flames of desire fuel a torrid reunion as bestselling author Bronwen Evans returns with another captivating novel of the Disgraced Lords. See why Jen McLaughlin raves, “Bronwen’s historical romances always make the top of my reading list!”

Lady Evangeline Stuart chose to wed a tyrant with a title, or so society believes. That was five years ago—five long years she could have spent with her first and only love: Lord Hadley Fullerton, the second son of the Duke of Claymore. Now Evangeline is a widow, and her soul cries out for Hadley. But when they see each other at last, everything has changed. The passion in his eyes has been corrupted by betrayal. Somehow Evangeline must regain Hadley’s trust—without revealing the secret that would spoil the seduction.

Hadley is determined not to be distracted by Evangeline. He and the other Libertine Scholars are in pursuit of an enemy who has been striking at them from the shadows, and Evangeline’s mere presence could be dangerous. But with one smile, one touch, one taste of Evangeline’s lips, Hadley’s resolve is overpowered by much more pleasant memories. As the two enter into a discreet affair, Hadley vows to give her his body, never his heart. That she will have to earn.

Praise for the novels of Bronwen Evans

“Bronwen’s historical romances always make the top of my reading list!”—New York Times and USA Today bestselling author Jen McLaughlin

“This tale is poignant, heartwarming and readers may be reaching for the Kleenex once or twice before the breathtaking ending.”—RT Book Reviews (4 1/2 stars), on A Kiss of Lies

“A page-turning, sensual adventure.”—New York Times bestselling author Elizabeth Boyle, on A Promise of More

“Bronwen Evans spins a sexy romp in A Touch of Passion, as a lord who doesn’t dare love is locked in passionate battle with a woman who will accept nothing less. And may the best woman win!”—New York Times bestselling author Mary Jo Putney

“With complexity, depth, and hot, hot passion, Whisper of Desire kept my emotions on a roller coaster—and I didn’t want to get off.”—Lavinia Kent, author of Angel in Scarlet


[WHERE TO BUY]:

AMAZON / KOBO / NOOK


RAFFLECOPTER: ONE GRAND PRIZE INTERNATIONAL OK!




[ABOUT THE AUTHOR]: 



Author Bronwen Evans USA Today Bestselling author, Bronwen Evans (Bron), loves story-telling – gobbling up movies, reading books and attending the theater. Her head is always filled with characters and stories, particularly lovers in angst. Is it any wonder she’s a proud romance writer.

Bronwen attended Victoria University, Wellington, New Zealand earning a bachelor’s degree in Commerce and Administration, majoring in Marketing and Accounting. She was all set on building herself a business career (which she did along the way).

But life never turns out exactly as one thinks. After working for a few years in marketing roles within New Zealand financial institutions, she left for a 6 month overseas experience in London, England. She loved England. She spent several years living in London, using it as a base to be able to work and travel from. She visited all four corners of the world. Her most interesting trips were a camel safari in the Sahara, a trip through Russia, a safari through Africa with her mother, and three months in the Mediterranean.
It was while living and working in London she discovered the offices of Mills & Boon and the germ of an idea to embark on a romance writing career was born.

Almost eight years later, on her return to New Zealand, encouraged by a close friend battling a life-threatening illness, Bronwen finally started down the path to publication by joining RWA, The Beau Monde, RWAustralia and RWNZ.

Bronwen’s first manuscript, INVITATION TO RUIN, was completed late 2009, and was sold to Kensington Publishing early 2010, in a two book deal. Her debut novel, INVITATION TO RUIN, received a 4.5 star rating from RT Book Reviews and was nominated in the RT Reviewer’s Choice Awards – Best First Historical. Invitation to Ruin was also won the RomCon Readers Crown Best Historical 2012.

Bron’s since gone on to win the RomCon Readers Crown three times. Her first book in her Disgraced Lords series hit the USA Today bestsellers list and she has hit it several times since.

She lives in New Zealand in sunny Hawkes Bay with her two Cavoodles named Brandy and Duke.


[CURIOUS? YOU CAN READ AN EXCERPT OF THE BOOK BELLOW]:




segunda-feira, 15 de agosto de 2016

[Secção Criminal] "O Diário Secreto de Laura Palmer", de Jennifer Lynch [Suma de Letras]

Ficha Técnica do Livro:


Título: O Diário Secreto de Laura Palmer


Autora: Jennifer Lynch


Edição: Julho de 2016


Editora: Suma de Letras [Grupo Penguin Random House]


Nº de Páginas: 264


Classificação Atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas


Género: Thriller
.

Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


O Diário Secreto de Laura Palmer, de Jennifer Lynch surge agora em Portugal numa nova edição com  prefácio dos Co-criadores da famosa série televisiva de culto Twin Peaks, Mark Frost e David Lynch, com chancela Suma de Letras e com o selo dedicado pela editora a obras primas da literatura policial, de mistério e do género thriller.

Os fãs de Twin Peaks vão, certamente, adorar esta nova edição, e os que ainda não conhecem a série têm aqui a oportunidade de ouro para entrar neste mundo misterioso e surreal, surgindo o livro como uma perfeita extensão da narrativa, e revelando aos leitores os mais íntimos e sórdidos segredos de Laura Palmer, uma jovem  adolescente residente numa pequena cidade nos Estados Unidos da América que viria a intrigar o FBI ao aparecer morta com apenas 16 anos.

Este livro, escrito na primeira pessoa, como se de um verdadeiro auto-relato se tratasse revela-nos a outra face de uma rapariga que quase todos julgam inocente, mas que revela, desde os seus 12 anos um precoce desenvolvimento sexual, sendo impulsiva, e desafiando as regras sempre que tal lhe é possível.

Laura está longe de ser a menina inocente que muitos julgam, mas a sua morte levanta o véu sobre o seu verdadeiro eu, e o mesmo sucede com este diário. 

Nestas páginas percorremos parte do crescimento de Laura, e vemos que a jovem foi vítima de abuso sexual. Há uma personagem referida no Diário como abusador - BOB - que nos deixa a dúvida se se trata de uma referência à pessoa física que verdadeiramente cometeu os abusos, ou se é uma criação da fantasia e mesmo do subconsciente de Laura.

Numa prosa intensa, bastante gráfica e violenta e com os traços surrealistas que encontramos no trabalho do pai enquanto realizador, Jennifer Lynch dá-nos uma caracterização muito cruel mas, também muito realista de Laura Palmer, podendo mesmo considerar-se que a protagonista da trama apresenta traços de personalidade borderline, na medida em que incorre por sistema em comportamentos de alto risco (promiscuidade sexual, consumo de drogas, pornografia e prostituição) como tentativa de afirmação de uma identidade que não sabe como construir.

Se é certo que muitos comportamentos de Laura podem chocar o leitor, também é real a compaixão que a personagem suscita, na medida em que encontramos uma adolescente em profundo sofrimento psicológico, que não é feliz, e que se sentiu perdida e muito só, mesmo vivendo com os pais e contando com o apoio da melhor amiga (Donna).

Nem sempre é fácil seguir o ritmo da escrita da autora, sendo também , por vezes, difícil distinguir o que é real daquilo que é imaginado ou fantasiado por Laura Palmer. Mas essas dúvidas e mesmo as falhas de lógica  no discurso intimista do diário acabam por ser uma forma interessante, encontrada pela esscritora, de nos apresentar uma personagem  muito perturbada mentalmente como se nos revela Laura Palmer. Um livro que nos faz querer revisitar uma série de culto ou descobrir o seu universo em primeira mão, sendo já um clássico.


sexta-feira, 29 de julho de 2016

[Crítica Contemporânea] "Pessoas Como Nós", de Stephanie Clifford [Asa]

Ficha Técnica:


Título: Pessoas como nós


Autora: Stephanie Clifford


Editora: Asa [Grupo LeYa]


Edição: Julho 2016


Páginas: 432


Género: Contemporâneo


Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas



Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o blog Os Livros Nossos:


Pessoas como Nós, de Stephanie Clifford é o romance de estreia da autora Norte-Americana, repórter do New York Times.

Este romance levanta o véu sobre o mundo agridoce da alta sociedade de Nova Iorque, caracterizando o seu modo de vida muito peculiar, os seus interesses e ocupações. Em paralelo, assistimos à luta verdadeiramente desesperada de uma jovem que  se rende à pretensão de fazer parte deste mundo glamouroso, restrito e muito peculiar.

A anti-heroína deste romance (os leitores entenderão esta qualificação quando lerem o livro) é Evelyn Beegan, 26 anos, estudou num colégio de elite - Sheffield - e ali fez alguns contactos com colegas que, de pleno direito, integram a Elite de Nova Iorque, que chega a ser uma réplica adaptada da aristocracia Britânica, como tão bem destaca a autora. 

Oriunda de uma família da classe média alta, sendo a mãe - Barbara - uma eterna candidata a arrivista social, obsessão esta que sempre sonhou partilhar com a filha. Dale o pai de Evie é um advogado Sulista relativamente bem-sucedido numa firma local, simpático, um pouco sovina, mas presente em termos afectivos.

Ao integrar a equipa de um site que corresponde a uma rede social de elite - Pessoas Como Nós - Evie aproveita a sua rede de contactos do tempo do colégio para aceder a colunáveis que possam tornar-se utilizadores do site. Assim, com a ajuda de Preston (um amigo dos tempos do colégio) começa a pouco e pouco a frequentar eventos sociais de elite, como convidada que,em muitos casos, não chega a ser totalmente aceite mas apenas tolerada.

Ao travar conhecimento com Camilla Rutherford, a menina bonita e it girl das colunas sociais de Nova Iorque, Evie vai cair no erro de se deixar deslumbrar por um mundo ao qual julga necessário ascender, mas que não é o seu. Evie será uma das amigas de Camilla, mas o preço a pagar por tal privilégio será elevado, pois perde a noção da realidade e começa a deixar-se envolver numa espiral de fabulações sobre as suas origens, a história da sua família e o seu percurso pessoal que podem deitar a perder a sua credibilidade.

Neste percurso alucinante, de festa em festa, poderá até descobrir o amor verdadeiro, mas será que vai conseguir gerir uma relação de forma honesta ?

A ilusão em que vive levará Evie a ser ingrata para com os verdadeiros amigos de longa data - Preston e Charlotte, e a descurar uma crise familiar que requer apoio urgente, pois o pai vê-se envolvido num escândalo que poderá arruinar a sua carreira.

É certo que, em alguns momentos, Evie sente estar a pisar terreno perigoso, a afundar-se num pântano de mentiras que considera inocentes, mas poderá ser tarde demais quando se der conta de que a verdade pode vir à tona de forma extremamente cruel e destrutiva.

Um romance que oscila entre humor e drama, e que nos faz pensar na busca pela nossa identidade nem sempre facilitada, desde logo, por alguns modelos parentais, e na vacuidade e crueldade que se escondem por trás de existências que parecem retiradas de contos de fadas. Até onde fixamos limites para ascender socialmente? Valerá a pena o investimento em toda a linha ?

O livro lê-se rapidamente, é muito menos superficial do que, à partida seríamos levados a pensar, será levado ao cinema, ficamos, pois, a aguardar com expectativa a versão cinematográfica. 

Uma leitura que proporciona entretenimento e também alguma reflexão, desengane-se quem pense estar perante uma obra vulgarmente apelidada de light ! Gostámos, recomendamos e ficamos atentos a esta autora dotada de um estilo de escrita muito lúcido e realista.








segunda-feira, 18 de julho de 2016

[Renda & Saltos Altos] " Um Anjo Caído", de Sarah MacLean [Topseller]


Ficha Técnica:


TítuloUm Anjo Caído


Autora: Sarah MacLean


Colecção/Série: Sarah MacLean


Edição: Julho de 2016


Editora: Topseller


Nº de Páginas: 384


Género: Romance Histórico/Sensual


Classificação Atribuída no GoodReads: 5/5 estrelas


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


Um Anjo Caído, de Sarah MacLean é o romance que põe fim à série "The Rules of Scoundrels", que poderemos traduzir por "os quatro canalhas".

A acção decorre na Londres do Século XIX, entre 1823 e 1843, girando à volta do clube "O Anjo Caído", um verdadeiro antro de vício e pecado onde muitos membros da aristocracia Londrina dão expressão aos seus impulsos menos nobres, apostando, muitas vezes, o seu estatuto social, a vida e a fortuna das suas famílias que ficam submetidas ao duro jugo de jogos de fortuna e azar e à pressão dos impiedosos proprietários do clube - Bourne,  Cross, Temple  e Chase, também eles aristocratas um dia caídos em desgraça perante a rígida sociedade da época.

Os protagonistas são Lady Georgiana Pearson, a irmã de um Duque que ousou perder o que de mais valioso tinha perante a sua classe social - a sua boa reputação - ao ter sido mãe solteira ainda muito jovem, tendo sido afastada dos salões e do direito a construir uma vida considerada decente e aceitável.

Georgiana esconde um poderoso segredo, é ela o misterioso e temido Chase, o mais duro dos quatro sócios do Clube "O Anjo Caído", sendo sabedora de tudo o que de muito sórdido se esconde sob as aparências da exigente vida social da alta sociedade Londrina, e gerindo tal informação com mão de ferro.

Mas a possibilidade de a filha - Caroline - poder vir a ter uma vida aceitável em sociedade, sendo fruto de uma relação considerada imoral e bastarda, leva Georgiana a debater-se entre os dois mundos, aquele que é o seu - o submundo do jogo, da chantagem e da traição - e aquele onde nasceu, a sociedade formada pelas melhores famílias aristocráticas de Londres. 

Determinada, inteligente e orgulhosa, Georgiana considera estar à altura do desafio de conseguir manter o equilíbrio entre as duas vertentes opostas da sua vida, mas um atraente e perspicaz jornalista - Duncan West - vai ficar particularmente atento aos movimentos e aos encantos da dama, e pode colocar em perigo o sucesso dos planos da jovem.

Num verdadeiro jogo do gato e do rato, com peripécias dotadas de tensão, intriga, planos de vingança, forte crítica social e aparentes becos sem saída, algo bastante mais profundo do que uma mera atracção física vai surgindo naturalmente entre Georgiana e West, sendo curioso notar que ambos vão também alternando entre si os papeis de vítima e predador, numa deliciosa espiral de encontros e desencontros que agarram o leitor à história.

Emoção, razão, romantismo , sensualidade e um enredo muito apelativo pelo ritmo rápido e pelos constantes avanços e recuos na narrativa, proporcionam o final ideal para esta série em geral e para este livro em particular, com personagens que são inesquecíveis e pelas quais facilmente nos apaixonamos.

Verdadeiramente imperdível para os amantes do romance histórico sensual!





segunda-feira, 11 de julho de 2016

[Renda & Saltos Altos] "Prazer Absoluto", de Cheryl Holt [Quinta Essência]


Ficha Técnica:


Título: Prazer Absoluto


Autora: Cheryl Holt


Edição: 19 de Julho de 2016


Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]


Nº de Páginas: 400


Classificação atribuída no GoodReads: 5/5 estrelas


Género: Romance histórico sensual/erótico


Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o blog Os Livros Nossos:


Prazer Absoluto de Cheryl Holt é um romance com cenário no período histórico da Regência Inglesa, decorrendo a acção em Londres, no ano de 1812. Podemos integrar esta obra num género que, a nosso ver, já conquistou em definitivo o público leitor quer além fronteiras (de onde é originário) quer já em Portugal, e que poderemos apelidar de "Romance de Regência", e no âmbito deste género encontramos algumas especificidades e fórmulas de escrita que conseguem ser identificadas pelas leitoras e fãs assíduas do género (entre as quais nos encontramos de forma assumida).

Desta feita, e como é habitual no estilo e registos de escrita habitual desta autora, encontramos um romance histórico ( ou de época, se quisermos ser puristas, visto contextualizar aspectos importantes do ambiente social próprio da alta sociedade da Inglaterra do século XIX) com marcado pendor sensual ou erótico. Pela leitura das cenas de teor sexual entre os protagonistas da narrativa verificamos que não é por acaso que a autora é considerada "a rainha do romance sensual", sendo as mesmas bastante intensas, emotivas e plenas de sentido de crescente intimidade e descoberta mútua, onde não falta a componente emotiva a complementar o aspecto físico.

Quanto às personagens, estas podem ser consideradas tipo, dentro deste género de romance, na medida em que apresentam características que representam as classes sociais a que pertencem, e o cumprimento ou incumprimento dos apertados códigos do "social e moralmente correcto" do contexto histórico e espaço social onde se movem. 

Lady Elizabeth Harcourt  é aristocrata, filha do rígido e impiedoso Conde de Norwich, tem 27 anos (sendo portanto séria candidata a solteirona, com uma idade já então considerada avançada para não haver contraído casamento), e vem dedicando a sua vida à gestão doméstica da casa paterna, desde o falecimento da mãe. Elizabeth anulou-se como pessoa dedicando a sua existência à casa e ao apoio ao pai (um nobre com assento na Câmara dos Lordes, com prática política activa, e que nunca se preocupou em valorizar a filha, antes minando a sua auto-estima como forma de manipulação e domínio da sua pessoa). 

Todavia, desejando desesperadamente transmitir o título, Norwich casa com uma jovem de 17 anos - a insuportável, caprichosa, maldosa e, afinal, infeliz Charlotte. Imatura e sem conseguir assumir correctamente as responsabilidades que passam a caber-lhe enquanto Condessa, Charlotte irá fazer uma gestão desastrosa da mansão, dos criados (que são maltratados física e psicologicamente pela patroa) hostilizando ostensivamente a enteada Elizabeth (que encara como obstáculo ao poder que julga ter) bem como a governanta Mary, cuja família sempre serviu a casa de Norwich, tal como ela própria.

Gabriel Cristofore é descendente de nobres, mas o pai John é um aristocrata caído em desgraça e deserdado pela sua família, sendo Cristofore resultado de uma relação ilícita do pai com Serena, uma aristocrata Italiana que acabou tragicamente.

Cristofore é um homem atraente, sensual e extremamente dotado para a pintura. É um libertino, sedutor e oportunista, não hesitando em conquistar damas solitárias ou infelizes, a pretexto de serem retratadas em quadros, retirando destes relacionamentos contratuais e amorosos os proventos necessários ao seu sustento e do seu elegante pai, que por sua vez, se assume em público como secretário do filho, organizando os contratos com as clientes.

Numa noite de ópera Elizabeth conhece o sedutor, experiente  e astucioso Gabriel, e ambos irão envolver-se numa relação de cliente/pintor, tornando-se amantes, embora tenham noção de que a sua é uma relação destinada a ter um fim relativamente breve, pois nunca seria aceite pelo Conde de Norwich e pela sociedade em geral, já que acabam por pertencer a mundos totalmente diferentes.

Enquanto Gabriel começa a questionar-se sobre até onde vai o seu envolvimento e a sua obsessão para com a bela Lady Elizabeth, que inicia nas artes amorosas, o escândalo ameaça a reputação da jovem, e em breve podem ambos percorrer um caminho sem retorno em direcção à perdição.

Elizabeth arrisca tudo na sua relação com Gabriel, pois sente-se desejada, apreciada como mulher, e o que é pisar terreno pantanoso acaba por ser também para a jovem libertador. Descobre em si mesma uma mulher bela, sedutora, atrevida, que aprende a viver a sua sexualidade  sem barreiras, ao mesmo tempo que, mesmo sem querer, vai-se apaixonando por Cristofore.

No romance é muito interessante o detalhe de a arte surgir como forma de sublimação e expressão de instintos básicos, nomeadamente, ao nível da sexualidade. É ao posar para um quadro que Elizabeth faz a sua aprendizagem do amor físico, e é pela arte que Gabriel descobre em si emoções que pensava estarem fora do seu alcance.

Ambos irão lutar consigo mesmos, descobrindo em si algo que desconheciam existir, traçando-se um completo retrato psicológico e social dos protagonistas. E seremos ainda brindados com um belíssimo romance com alguns segredos, numa intriga secundária que confere à obra alguma complexidade que muito a enriquece.

Uma história bela, sensual, vibrante com alguns momentos de tensão dramática, e personagens que nos apaixonam pelas suas imperfeições e que são, afinal, humanas na sua essência. Este livro é, também, erotismo em estado puro, e entra para a nossa galeria de preferidos.