sexta-feira, 29 de julho de 2016

[Crítica Contemporânea] "Pessoas Como Nós", de Stephanie Clifford [Asa]

Ficha Técnica:


Título: Pessoas como nós


Autora: Stephanie Clifford


Editora: Asa [Grupo LeYa]


Edição: Julho 2016


Páginas: 432


Género: Contemporâneo


Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas



Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o blog Os Livros Nossos:


Pessoas como Nós, de Stephanie Clifford é o romance de estreia da autora Norte-Americana, repórter do New York Times.

Este romance levanta o véu sobre o mundo agridoce da alta sociedade de Nova Iorque, caracterizando o seu modo de vida muito peculiar, os seus interesses e ocupações. Em paralelo, assistimos à luta verdadeiramente desesperada de uma jovem que  se rende à pretensão de fazer parte deste mundo glamouroso, restrito e muito peculiar.

A anti-heroína deste romance (os leitores entenderão esta qualificação quando lerem o livro) é Evelyn Beegan, 26 anos, estudou num colégio de elite - Sheffield - e ali fez alguns contactos com colegas que, de pleno direito, integram a Elite de Nova Iorque, que chega a ser uma réplica adaptada da aristocracia Britânica, como tão bem destaca a autora. 

Oriunda de uma família da classe média alta, sendo a mãe - Barbara - uma eterna candidata a arrivista social, obsessão esta que sempre sonhou partilhar com a filha. Dale o pai de Evie é um advogado Sulista relativamente bem-sucedido numa firma local, simpático, um pouco sovina, mas presente em termos afectivos.

Ao integrar a equipa de um site que corresponde a uma rede social de elite - Pessoas Como Nós - Evie aproveita a sua rede de contactos do tempo do colégio para aceder a colunáveis que possam tornar-se utilizadores do site. Assim, com a ajuda de Preston (um amigo dos tempos do colégio) começa a pouco e pouco a frequentar eventos sociais de elite, como convidada que,em muitos casos, não chega a ser totalmente aceite mas apenas tolerada.

Ao travar conhecimento com Camilla Rutherford, a menina bonita e it girl das colunas sociais de Nova Iorque, Evie vai cair no erro de se deixar deslumbrar por um mundo ao qual julga necessário ascender, mas que não é o seu. Evie será uma das amigas de Camilla, mas o preço a pagar por tal privilégio será elevado, pois perde a noção da realidade e começa a deixar-se envolver numa espiral de fabulações sobre as suas origens, a história da sua família e o seu percurso pessoal que podem deitar a perder a sua credibilidade.

Neste percurso alucinante, de festa em festa, poderá até descobrir o amor verdadeiro, mas será que vai conseguir gerir uma relação de forma honesta ?

A ilusão em que vive levará Evie a ser ingrata para com os verdadeiros amigos de longa data - Preston e Charlotte, e a descurar uma crise familiar que requer apoio urgente, pois o pai vê-se envolvido num escândalo que poderá arruinar a sua carreira.

É certo que, em alguns momentos, Evie sente estar a pisar terreno perigoso, a afundar-se num pântano de mentiras que considera inocentes, mas poderá ser tarde demais quando se der conta de que a verdade pode vir à tona de forma extremamente cruel e destrutiva.

Um romance que oscila entre humor e drama, e que nos faz pensar na busca pela nossa identidade nem sempre facilitada, desde logo, por alguns modelos parentais, e na vacuidade e crueldade que se escondem por trás de existências que parecem retiradas de contos de fadas. Até onde fixamos limites para ascender socialmente? Valerá a pena o investimento em toda a linha ?

O livro lê-se rapidamente, é muito menos superficial do que, à partida seríamos levados a pensar, será levado ao cinema, ficamos, pois, a aguardar com expectativa a versão cinematográfica. 

Uma leitura que proporciona entretenimento e também alguma reflexão, desengane-se quem pense estar perante uma obra vulgarmente apelidada de light ! Gostámos, recomendamos e ficamos atentos a esta autora dotada de um estilo de escrita muito lúcido e realista.








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