Título: Uma Casa de Família
Autora: Natasha Solomons
Editora: ASA [Grupo LeYa]
Edição: 2013
Páginas: 416
Género: Romance Histórico
Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI
Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:
Uma Casa de Família, de Natasha Solomons, é um romance histórico por excelência e em todo o seu esplendor.
A acção tem início em 1938, nas vésperas do terror da II Guerra Mundial, mas num momento em que Viena de Áustria começa a sentir a ameaça sobre a comunidade Judaica.
Elise Landau é a mais nova das duas filhas da culta família Landau, destacado elemento da Burguesia Vienense, sendo a mãe Anna, Mezzo Soprano, o pai, Julian um escritor de relevo e algo rebelde, e Margot, a filha mais velha, entretanto casada com Robert (académico).
Temendo pela integridade física da família, os Landau tomam as necessárias diligências para que Elise encontre refúgio em Inglaterra, onde irá viver numa mansão histórica de uma ilustre família Inglesa, assumindo as duras funções de criada, deparando-se com as dificuldades inerentes a uma mudança radical na sua vida.
Exilada no período antes da guerra, quando esta é já praticamente inevitável, Elise parte angustiada para um país cuja língua e a tradição são totalmente diferentes, e indo enfrentar a humilhação de ser tratada numa condição social bastante diversa aquela de que usufruía na terra Natal, onde levava uma existência de algum prestígio e privilégios, com uma vida social bastante animada, e frequentando os mais elevados círculos culturais de Viena.
Mal dominando o Inglês, Elise enfrenta a hostilidade dos empregados da Mansão Tyneford, nomeadamente do rígido e formal mordomo Senhor Wrexham, a cozinheira e governanta Senhora Ellsworth, encontrando inicialmente apenas algum apoio junto de poucas pessoas na propriedade.
Com uma lista diária e interminável de tarefas, Elise encontra forças na esperança de conseguir reunir-se com a sua família nos Estados Unidos, para onde seguirão antecipadamente a irmã e o cunhado, bem como os pais Anna e Julian Landau.
Inesperadamente, a vida quase insuportável de Élise adquire um novo fulgor com a chegada do divertido Kit, o herdeiro da família Rivers, de quem se torna bastante próxima, sendo olhada de lado pelas raparigas da alta sociedade local, que insistem em humilhá-la, bem sabendo que ela se encontra entre dois mundos, não sendo, na verdade, uma criada, nem um membro da nobreza tradicional.
Numa narrativa de tensão permanente, vamos assistindo ao agudizar do clima político internacional, até que a Inglaterra se veja arrastada para o esforço de guerra, impondo pesados sacrifícios aos seus habitantes, e em simultâneo, vamos acompanhando o percurso de vida de Elise, que acaba por encontrar algum conforto na sua vida de exilada, ganhando o respeito do patrão - o senhor Rivers, fazendo novos amigos, como a alegre Poppy, ou o simpático Will.
Aquando do seu exílio, Elise é também a fiel depositária do último manuscrito do seu pai, que temendo perder o livro, esconde uma cópia do mesmo no interior de um velho Violino que a jovem leva consigo para solo Britânico.
Nos momentos de saudade e nostalgia, ou em ocasiões especiais, Elise possuiu como que um talismã que é também uma mensagem de esperança num possível futuro melhor, mas também a peça que simboliza o seu passado familiar e cultural - o belo colar de pérolas que a mãe - Anna - lhe fez chegar escondido na bainha de um vestido.
Toda a obra se mostra escrita numa linguagem bastante cuidada, sendo mesmo simbólica e poética em alguns excertos. A ternura, o amor, o espírito de sacrifício, a luta pela sobrevivência, os ideais a defender, a lealdade, a solidariedade perante a adversidade, os valores da família e o peso positivo e menos positivo das tradições, são estes os detalhes que bastante enriquecem este romance e o tornam marcante, inesquecível e muito especial.
Com diversas peripécias, e twists finais que prometem arrebatar e enternecer o leitor, estamos perante uma obra de excelência, plena de pormenores históricos e culturais, mas também, constituindo uma boa lição de vida quanto às dificuldades e desafios que inesperadamente podem fazer-nos mudar de mundo e reaprender a viver, fazendo-nos crescer enquanto seres humanos e testar os nossos limites.
Dramático, doce e belo, um livro a não perder! Nota Máxima sem hesitação!
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