Título: As Mulheres de Summerset Abbey
Autora: T. J. Brown
Editora: Clube do Autor [Noites Brancas]
Edição: Julho de 2013
Páginas: 300
Género: Romance Histórico/Romance
Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI
Crítica para o Blog Os Livros Nossos por Isabel Alexandra Almeida:
As Mulheres de Summerset Abbey é o título do primeiro romance de uma trilogia Histórica cuja acção decorre na Inglaterra Eduardiana, imediatamente antes do início da I Guerra Mundial, sendo autora T.J. Brown, assumidamente apaixonada por História.
Tendo por base pesquisa histórica e literária, e inclusive o apoio de uma Investigadora Histórica [ Evangeline Holland], a autora conseguiu construir uma apelativa e envolvente intriga familiar, de leitura fácil e viciante.
As protagonistas são três jovens - as irmãs Rowena e Victoria Buxton, filhas de Sir Philip Buxton, um aristocrata à frente do seu tempo, uma personagem que já não conhecemos em vida, mas que surge bem presente ao longo de todo o livro, por ter sido um homem liberal, inovador, à frente do seu tempo, e que transmitiu os valores da igualdade e saudável e democrática convivência entre as várias camadas da sociedade, às filhas Rowena e Victoria e a Prudence, filha da Governanta da Casa, que foi criada e educada esmeradamente e como se de mais um membro da família se tratasse.
Rowena é uma jovem tímida, indecisa, que sente o peso de se ver confrontada com as rígidas imposições e formalismos sociais tão queridos da Alta Sociedade a que pertence por sangue e tradição, mas no seu íntimo a jovem sabe que o mais correcto é adoptar a atitude liberal de seu pai. Perante a perda prematura do progenitor, Rowena, Victoria e Prudence são forçadas a residir em casa do Tio Paterno e Tutor das duas irmãs - Sir Conrad Summerville, casado com a maquiavélica e manipuladora Lady Charlotte Summerville. Rowena sente na pele o conflito social subjacente à sua nova vida, ao ver os tios hostilizar e menosprezar Prudence, que passa a ser tratada como uma criada na nova residência.
Victoria Buxton é uma jovem bastante intuitiva e inteligente, sonha conseguir manter uma vida independente e moderna, revela uma personalidade mais decidida do que a da irmã mais velha Rowena, e revela ser verdadeiramente leal aos princípios e valores transmitidos pelo pai, não temendo enfrentar os tios em defesa de Prudence, que considera parte da família e sua irmã. A sua frágil saúde leva a que toda a família e também Prudence acabem por render-se aos seus encantos e assumam uma atitude protectora.
Prudence é uma jovem educada, irá experimentar um conflito social bastante agudo, e acorda para a realidade se ser uma pessoa perdida num limbo entre dois mundos tão opostos, acabando por não saber a qual deles pertence. É, afinal, a filha de uma Governanta, que desconhece com rigor as suas origens familiares, mas foi acolhida e tratada na família se Sir Philip Buxton como se fosse mais uma filha, nunca sendo distinguida em relação às irmãs Rowena e Victoria. Mas a morte do seu protector tudo mudará na sua vida e na das amigas e nada mais voltará a ser como até àquele momento trágico que interrompeu brutalmente a harmonia familiar.
Em Summerville Abbey as jovens vão enfrentar os novos desafios que se lhes colocam. Novas pessoas entrarão nas sua vidas, para o bem e para o mal.
Verdadeiramente fascinante o detalhe com que a autora nos apresenta os costumes e rituais próprios deste período histórico, quando a aristocracia britânica ostenta ainda a sua vida repleta de privilégios e cisões sociais, mas quando começam também a surgir os primeiros sinais de mudanças sociais e políticas profundas - com o movimento sufragista de luta pelo Direito ao voto pelas mulheres, a título de exemplo.
Uma alta sociedade em que os jovens não revelam, na sua maioria, outros interesses na vida a não ser a mudança de indumentária, consoante os eventos sociais e os períodos do dia ou da noite. As festas luxuosas, as brincadeiras e partidas que são o sub-refúgio destes jovens para vidas que são, no fundo, fúteis e totalmente vazias.
Às mulheres era exigido que constituíssem forçosamente um novo núcleo familiar, era imperativo casar e ter filhos, mas as crianças eram, bastantes vezes, confiadas ao cuidado de criados e professores, não tendo com os pais laços afectivos fortes.
Victoria é, de entre as protagonistas femininas, a personagem que mais personifica a antevisão de novos ventos de mudança, muito por influência da educação menos formal transmitida pelo pai. A jovem é botânica, pretende estudar botânica numa Universidade e seguir as pisadas de seu pai nesta área científica, intuitos que para uma mulher desta época eram ainda pouco consentâneos com o que era considerado socialmente correcto.
Collin e Elaine, primos de Rowena e Victoria acabam por simbolizar o conformismo da maioria dos jovens aos preceitos da educação e saber estar social da época. Lorde e Lady summerville são a exaltação da tradição secular de privilégios da aristocracia britânica, vendo os empregados como seres inferiores e chegando mesmo a desconhecer os seus nomes, numa total despersonalização.
Em suma, uma obra magistralmente escrita, rica em detalhes, e que evoca na perfeição os ambientes e intrigas próprios de séries televisivas como "Upstairs, Downstairs" [Em Portugal exibida sob o título - A família Bellamy] ou, mais recentemente, Downton Abbey.
Uma saga familiar a acompanhar atentamente e a ler e reler, merecendo lugar cativo na biblioteca de qualquer amante destas temáticas.
Está de parabéns a colecção Noites Brancas da editora Clube do Autor, por esta escolha editorial. Nota máxima! Uma leitura recomendada para este verão.
Gostei muito da sinopse, além de ser uma época que me fascina! Sem dúvida que o irei ler!
ResponderEliminarAdorei a tua opinião Isabel, claro está fiquei com «a pulga atrás da orelha»!!!
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