Autor: Júlio Conrado
Título: Querido Traficante
Editora: Campo da Comunicação
Edição: Dezembro de 2006 /reimpressão 2010
Livro vencedor do Prémio Vergílio Ferreira
Análise Realizada por Liliana Novais/Os Livros Nossos:
Júlio Conrado, conhecido
principalmente pela sua carreira enquanto crítico literário, venceu o prémio
Vergílio Ferreira com este livro.
O autor trouxe a sua experiência literária
para este livro e o resultado está à vista. Contado em diversas primeiras
pessoas, conhecemos a história dos seus mais diversos ângulos. Um trabalho bem
realizado e bem explorado, mostra-nos como por vezes as perceções de diversas
pessoas, de uma mesma situação, podem ser diferentes.
Este livro leva-nos numa viagem
através da vida de uma família e como os seus percursos não podiam ser
diferentes. Desde estarem cansados e querem por um fim à rotina do dia-a-dia
até ao conformismo da sua situação real. Dois irmãos tomam percursos totalmente
opostos. Será que algum deles é motivo de orgulho para o seu pai?
Sendo este um homem vivido que
vive com o estigma de ser retornado, palavra utilizada para definir as pessoas
que fugiram das ex-colónias africanas após o 25 de Abril de 1974, pai de um
rapaz e de uma rapariga, espera, tal como todos os pais, que estes tenham uma
vida melhor que a sua.
O livro começa com uma divida de
Marco, traficante. E a história desenrola-se em torno dessa divida e de como a
pagar. Será que este consegue, ou se tornará vítima desse jogo negro de
interesses e de influências. Logo nos primeiros capítulos, uma descrição dos
horríveis momentos do 11 de Setembro de 2001, agarram o leitor à escrita do
autor.
Um livro bem desenvolvido e bem
escrito. Com algumas cenas mais explícitas que apimentam o livro, e lhe trazem
um toque mais realista. Pois o que é a vida senão forem esses momentos mais
quentes? O final é deveras surpreendente.
As personagens são complexas e
ricas, com ligações intensas e histórias de fundo interessantes. Cada uma trás
um elemento novo à narrativa e à evolução da ação que avança vertiginosamente
em algumas partes e depois abranda, nunca estagnando.
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