Título: Um Caso Tipicamente Inglês
Autora: Elizabeth Edmondson
Edição: Janeiro de 2016
Editora: ASA
Páginas: 368
Género: Mistério/Policial/Histórico
Classificação GR: 5/5 Estrelas
Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI
[Sinopse]:
Numa encantadora vila rural inglesa, o Castelo de Selchester definha. A II Guerra Mundial terminou há pouco, e nos imponentes salões restam apenas os ecos de glórias passadas. É um destino pouco apetecível para Hugo Hawksworth, oficial dos Serviços Secretos a quem é confiada a missão de organizar os arquivos do castelo. O jovem chega acompanhado pela irmã mais nova, Georgia, por quem é responsável desde a morte dos pais. Ambos antecipam uma estadia entediante e desconfortável. Estão enganados.
A vida no campo é uma surpresa. Rodeados de aristocratas altivos e grandiosas mansões, empregados excêntricos e vizinhos indiscretos, os irmãos sentem que mergulharam noutra era. Mas rapidamente se deparam com segredos, intrigas familiares, uma ou outra traição e... o esqueleto do Conde de Selchester, cujo desaparecimento numa noite de tempestade permanecia envolto em mistério. A polícia encerra o caso sem grandes demoras. Hugo, no entanto, não se deixa convencer. Com a ajuda de Freya Wryton, a tentadora sobrinha do conde, lança-se numa investigação cujas sombrias implicações irão agitar todos os que o rodeiam.
Com a elegância de Downton Abbey e a astúcia de Agatha Christie, Um Caso Tipicamente Inglês é o primeiro volume da Série Selchester e marca o regresso à escrita de Elizabeth Edmondson, uma das escritoras mais queridas dos leitores portugueses.
Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o blog Os Livros Nossos:
Um Caso Tipicamente Inglês, de Elizabeth Edmondson, corresponde ao primeiro romance da Série Selchester, sendo uma história que a própria autora [infelizmente falecida no passado mês de Janeiro] qualificaria como "Mistério Vintage".
A acção decorre numa povoação rural Inglesa, tendo como ponto de partida recortes de imprensa que narram o misterioso desaparecimento de Lorde Selchester, numa fria noite de tempestade em 1947 (em plena II Guerra Mundial), e centrando-se a acção principal em 1953, ainda no rescaldo da guerra, quando Hugo Hawksworth, um oficial dos serviços secretos britânicos, é enviado para Selchester para trabalhar num departamento secreto, denominado The Hall, onde diversos funcionários trabalham sob a máscara de realização de estudos estatísticos. Hugo, ferido numa perna, enquanto prestava serviço para a sua Pátria, vê-se agora condenado a trabalho de secretária, e vai residir com a jovem irmã de 13 anos - a perspicaz e intuitiva Georgia - no Castelo de Selchester, onde se cruzam com Freya Writon (sobrinha do desaparecido Conde de Selchester) que se habita uma torre do Castelo, a pretexto de escrever a história da sua aristocrática família, enquanto permanece o impasse legal de ser reconhecido o óbito do Conde, e confiada a sua herança à herdeira legal - Lady Sonia - uma vez que o herdeiro do sexo masculino, Tom, faleceu em combate pouco depois do desaparecimento do pai.
Habituado ao bulício e relativo anonimato de que gozava em Londres, Hugo ver-se-á inserido, inicialmente a contragosto, num ambiente rural ainda muito marcado por uma visão algo medieval da sociedade, onde os Aristocratas, como o Conde de Selchester, são temidos e mais ou menos respeitados.
Também Freya recebe os seus hóspedes, por imposição do Superior de Hugo, Sir Bernard, um dos administradores da herança do Conde, receando ver invadida a sua privacidade e a paz de que ainda ali beneficia até que a prima - Sonia - consiga concretizar os seus planos de vender a herança e pôr fim a uma época que levará consigo os segredos de família.
Georgia, por sua vez, encontrará na escola local um ambiente mais aprazível do que aquele que esperava, fará novas amizades e adaptar-se-á à vida no Castelo de Selchester, encontrando uma inesperada amiga e protectora na governanta Mrs. P.
A descoberta de um cadáver sob o lajedo da Capela Velha no Castelo irá trazer à superfície o paradeiro do desaparecido conde, e colocará Hugo, Freya e Georgia numa inesperada equipa de investigação paralela, enquanto a polícia local se mostra pouco colaborante e nada predisposta a desvendar o mistério, antes estando mais interessada em encerrar o dossier do Conde Selchester sem causar danos colateriais que possam pôr em causa a segurança do pais, atento o facto de o Conde ter tido uma figura de destaque no governo da nação.
Hugo, um circunspecto funcionário Londrino, que se sente algo deprimido devido às suas limitações físicas, descobrirá em Selchester uma investigação que o entusiasma mais do que as suas monótonas funções em The Hall, e depara-se com uma irmã que está a crescer, e que tem a rebeldia própria da adolescência.
Denota-se entre Freya e Hugo alguma tensão romântica, cujo desenlace mantém também o interesse das leitoras mais românticas.
Interessante é, também, a forma como Elizabeth Edmondson contextualizou historicamente a narrativa, dando conta de algumas inquietações próprias do pós-guerra, do fim de uma época mais tradicionalista e das novas correntes científicas, com hilariantes e bem conseguidas referências a Sigmund Freud, Anna Freud e ao movimento psicanalítico que então começa a afirmar-se no panorama cultural britânico.
Num ambiente marcado pelos mexericos próprios de uma zona rural, sendo evidente a hipocrisia e os segredos da classe aristocrática, tolerada pelos habitantes locais, o receio de ver instalar no Castelo secular um hotel de luxo que irá desvirtuar a herança histórica de um património bastante rico, o leitor é envolvido na investigação da morte do Conde de Selchester, ao mesmo tempo que se confronta com segredos de família e um clima de permanente mistério com alguns twists finais que alimentam a vontade de saber toda a verdade.
Glamour, mistério, intriga, perigo, segredos de família e emoções fortes, numa trama bem conseguida e que nos deixa expectantes para novos desenvolvimentos no segundo livro da série! Os leitores de Agatha Christie vão, certamente, adorar este romance.
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