Ficha Técnica:
Título: A Herança Bolena
Autora: Philippa Gregory
Série: Os Tudor
Editora: Planeta
Edição: Março de 2015
Páginas: 472
P.V.P.: 19,95€
Género: Romance Histórico
Classificação GR atribuída pelo blog: 5/5 estrelas
Crítica para o Blog Os Livros Nossos por: Isabel Alexandra Almeida
A Herança Bolena, de Philippa Gregory, é um soberbo romance histórico tendo como pano de fundo a vivência no clima de intriga, sensualidade, traição e intricados jogos de poder e política bem presentes na corte de Henrique VIII de Inglaterra, em plena época Tudor.
Este romance surte perante os olhos do leitor escrito numa perspectiva assumidamente feminina e intimista, e no decurso da leitura vamos assistindo à construção da teia narrativa pela lente de três protagonistas femininas, que assumem também o papel de narradoras participantes.
Joana Bolena, Viscondessa Rochford, é uma mulher determinada, inteligente e astuta, mas que transporta no seu íntimo o peso de ter desempenhado um papel de relevo na condenação à morte do marido - Jorge Bolena - e da cunhada - Ana Bolena - ambos eliminados por decisão do Rei Henrique VIII. Joana é uma personagem ambígua, permanentemente dividida entre aquilo que sente seria uma conduta adequada e correcta em termos morais e humanos, e as condições que, por vezes, se vê forçada a aceitar em prol da sua própria sobrevivência, ainda que tal implique trair os que estima e ama. Numa sociedade onde os homens de poder tudo controlam e onde as mulheres se vêem forçadas pelo contexto envolvente a trair família, amigos e aqueles a quem deveriam servir lealmente, Joana acaba por se revelar um peão de peso no xadrez sabia e perversamente planeado pelo seu poderoso tio - Tomás Howard - Duque de Norfolk.
O Duque de Norfolk assume-se como um dos vilões da trama, é um homem sem escrúpulos, habituado a usar as mulheres da sua família como meros instrumentos para atingir os seus fins de ascensão social e política, sendo próximo do instável e perturbado Henrique VIII.
Outra protagonista feminina é Catarina Howard, de apenas 14 anos, sobrinha do poderoso Duque de Norfolk, é por este encaminhada para a corte, onde deverá servir como Aia a rainha Ana de Clèves, sendo mais tarde orientada para seduzir o velho rei e tornar-se rainha. Catarina é uma jovem imatura e ambiciosa, mas não muito inteligente. É fútil, licenciosa e vaidosa, tendo mantido relações amorosas ilícitas em casa de sua avó - a Duquesa de Norfolk, a qual não deu à neta uma educação cuidada. Sonha em ascender socialmente e vai sempre avaliando o seu aspecto físico e os bens que vai adquirindo, nomeadamente, vestidos novos ou jóias. Irá atrair as atenções do Rei Henrique VIII, que fica fascinado com a sua beleza e graciosidade, mas surge uma forte atracção entre Catarina e Thomas Culpepper que poderá deitar a perder os planos de ascensão social da jovem.
Ana de Cléves, filha do Duque de Cléves, é enviada para contrair matrimónio com Henrique VIII de Inglaterra, de modo a reforçar uma aliança política inicialmente vista como vantajosa para ambas as partes, porém, o casamento revela difícil de consumar, e acabará por chegar a um fim antecipado, sendo-lhe conferido o estatuto de irmã do Rei. Ana é uma jovem doce, bondosa e sofredora. Inicialmente, vê o casamento como uma possível libertação do jugo maldoso do irmão sobre si, mas cedo percebe que a corte Inglesa dos Tudor é um local inóspito, e onde corre risco permanente de cair em desgraça perante o Rei e ser condenada à morte. Vive momentos de puro terror, com receio pela própria vida, mas torna-se amiga leal da enteada Maria, sendo também próxima da enteada Isabel.
Henrique VIII é um homem perturbado ao nível mental, nega estar envelhecido e ter perdido a beleza e a força da juventude. É instável nos relacionamentos amorosos, imaturo, facilmente manipulado pelos seus homens de confiança, e capaz de actos extremos de generosidade e crueldade. Da leitura do livro, ficamos na dúvida se estamos perante um vilão, ou se não será também, de algum modo, vítima de circunstâncias que o rodeiam e de uma corte que fervilha de interesses ocultos, traição e intriga política e palaciana.
A acção decorre entre Julho de 1539 e Janeiro de 1547, no século XVI e denota ter por base uma detalhada e rigorosa pesquisa histórica que muito enriquece o trabalho da autora.
A linguagem mais e menos formal, os cenários variados, os trajes e rituais e toda a descrição da vida na corte mostram-se feitos de uma forma que nos transmite uma imagem visual bastante rica. As personagens mostram-se muitíssimo bem construídas e acedemos facilmente ao seu mundo interno ( em termos psicológicos).
A nosso ver, a leitura deste romance suscita-nos também reflexões importantes acerca da condição feminina nesta época e contexto históricos. Um fascinante retrato de uma época histórica bastante conturbada.
Gosto muito de romances históricos e de época.
ResponderEliminarE este pelos vistos é uma boa aposta! Bom fim-de-semana!
São tão carinhos os livros da série Tudor :/ Mas valem tão a pena :)
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