- Título: Não Digas Nada
Autora: Mary Kubica
Edição: Agosto de 2014
Editora: Topseller [Grupo 20/20]
Páginas: 336
Preço: 18,99€
Género: Thriller/Thriller Psicológico
Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI
Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:
Não Digas Nada, é o romance de estreia da autora Norte-Americana Mary Kubica, a qual, podemos concluir, que inicia uma carreira deveras promissora, tendo sabido criar uma obra de elevada carga e intensidade psicológicas, capaz de prender os leitores às páginas deste livro, de leitura compulsiva e entusiasmante.
Trata-se de uma história cuja narrativa decorre entre Chicago e uma região remota no Minnesota, estando construída em dois planos narrativos que se vão alternado - antes e depois - sendo o evento de referência de tal separação temporal o rapto de Mia Dennett, a jovem filha de um conceituado Juiz - James Dennet.
A trama conta ainda com três narradores distintos - respectivamente Eve Dennett, a esposa de James e mãe de Mia e da irmã Grace; o Inspector Gabe Hoffman ( responsável pela condução do processo de investigação atinente ao rapto da jovem Mia) e o raptor Colin Thatcher - estando o epílogo a cargo de um narrador cuja identidade optámos por não desvendar na presente crítica.
Está bastante bem conseguida a articulação e a dinâmica desta engenhosa estrutura narrativa, que à medida que vai dando ao leitor a descrição dos factos, fá-lo sob três perspectivas naturalmente distintas e permite aceder à caracterização psicológica das várias personagens do romance, bem como aos seus medos, inquietações, sonhos, frustrações, sucessos e insucessos, numa visão bastante crua e num clima em que ninguém parece totalmente inocente, mesmo sob a aparente e publicamente visível capa de perfeição.
Encontramos um retrato bastante cruel da família Dennett - a mãe Eve uma britânica forçada a trair as suas raizes culturais em prol de uma plena inserção na esfera pública da alta sociedade Norte-Americana com fortes ligações políticas, que irá defrontar-se com os seus próprios fantasmas perante o drama do rapto da filha que poderá estar morta; a irmã mais velha - Grace - uma Advogada bastante competitiva e arrogante que satisfaz os desejos do pai em relação aos planos de futuro arduamente tecidos; o pai , um homem duro, pouco afectuoso, prepotente e arrogante, para quem os afectos perdem protagonismo perante a relevância da imagem pública de perfeição a ostentar; e Mia, uma jovem professora do Ensino especial, desde sempre, com uma forma diferente de encarar o mundo, demarcando-se assumidamente da vivência familiar desejada pela figura paterna, e que é vista como problemática e pouco desejável.
O raptor, Colin Thatcher traz-nos uma visão de um mundo social totalmente díspar do que é inerente à família Dennett, tendo crescido numa família desestruturada, de baixa condição social, mas sentindo-se responsável e profundamente ligado à mãe, da qual vem sendo cuidador, agora que a mesma se vê vítima de uma enfermidade incapacitante. É talvez a personagem mais misteriosa e interessante de toda a trama e que muito irá surpreender os leitores.
Todos estes elementos se combinam numa linguagem acessível, fluída, mas intensa e realista, numa obra dura, bastante densa ao nível psicológica, e que acaba por conter uma crítica social implícita, dando-nos um final absolutamente surpreendente.
Uma estreia em cheio para uma nova autora, cuja escrita iremos seguir atentamente, e que constitui uma excelente aposta editorial com o selo de qualidade a que a Topseller já vem habituando os seus leitores.
Recomendamos esta leitura!
Classificação atribuída no GoodReads: 4/5 estrelas
Ainda não conhecia esse livro, mas parece ser o tipo de livro que eu adoro!
ResponderEliminarQuero ler!^^
Beijo
http://canastraliteraria.blogspot.com.br/