quinta-feira, 14 de agosto de 2014

[Renda & Saltos Altos] "Meu Único Amor", de Cheryl Holt [Quinta Essência]


Título: Meu Único Amor

Autora: Cheryl Holt

Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]

Edição: Agosto de 2014

Páginas: 392

Género: Romance Histórico Sensual/erótico

Saiba mais detalhes sobre esta obra AQUI


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:


   Meu Único Amor, de Cheryl Holt é um romance histórico sensual que nos traz esta conhecida autora na sua melhor forma.

    Com cenário na Inglaterra do Século XIX, o livro coloca em confronto dois mundos sociais totalmente díspares - por um lado, duas mulheres que integram a camada mais marginal da sociedade - respectivamente,  Maggie Brown, a jovem bela e ingénua filha ilegítima de um Duque e de uma bela e conceituada Cortesã, entretanto falecida, e a sua amiga Anne Porter, uma Cortesã de meia idade, amiga fiel de Maggie e da sua falecida mãe; e Adam St. Clair - o rígido, pretensioso e tradicional Marquês de Belmont, um aristocrata a quem o título e a tradição exigem que encontre uma noiva adequada de acordo com os rígidos parâmetros da sociedade de então.

   O grande destaque em termos de narrativa é conferido a Maggie e Adam, mas é interessante acompanhar também a evolução do relacionamento do casal secundário de personagens constituído por Anne e James (o irmão de Adam, que não herdou o título principal, de acordo com as específicas regras do Direito Sucessório Britânico).

 Maggie é uma jovem sonhadora, romântica, mas que sente o peso do estigma social que é inerente ao seu nascimento - é filha ilegítima e não reconhecida sequer como bastarda do poderoso Harold Westmoreland - Duque de Roswell, tendo sido fruto de uma relação apaixonada da mãe - uma cortesã afamada e do nobre em questão. 

Maggie conhece Adam, sob falsa identidade, numa estância balnear,e entre os dois nasce um amor bastante intenso e idealista, a que se segue uma inevitável separação.

 Por ironia do destino, ambos irão reecontrar-se em Londres, ficando a descoberto as respectivas identidades, e nascendo entre ambos um relacionamento intensamente apaixonado e à margem da sociedade, mas que ostenta sobre si o peso de uma ruptura anunciada, que ocorrerá logo que Adam contraia matrimónio.

  Adam é um nobre que, apesar da sua elevadíssima posição social e financeira, vive infeliz e revoltado, quer pelo facto de sentir que deve sacrificar os seus sentimentos por Maggie, em prol das pesadas exigências do seu título e estatuto social e familiar, quer ainda porque retém bem presente na sua mente a imagem de uma família totalmente disfuncional, filho de um pai leviano, que encontrou um ambiente familiar mais acolhedor e apetecível em casa da amante, com a qual teve filhos ilegítimos, num contexto familiar estranhamente saudável, e de uma mãe amarga, ostensivamente preterida pelo marido, uma mãe fria, incapaz de transmitir aos filhos qualquer afecto, apenas assumindo uma atitude manipuladora e rígida, procurando impor sempre a  estes os seus próprios pontos de vista e ditando regras de conduta.

  Na verdade, é deveras evidente o intenso conflito interior travado por Adam, dividido entre o amor e a obrigação social. 

  Há momentos de elevada tensão dramática em que o protagonista masculino adopta comportamentos que raiam a crueldade, e será difícil que o mesmo venha a aceitar que tem direito a ser feliz, independentemente do que resulte de normas externas.

  Maggie desperta nas leitoras piedade e ternura, é uma mulher doce, leal, e muitíssimo resiliente. Lutadora, por vezes orgulhosa, e assumindo-se como uma verdadeira sobrevivente, tendo crescido num meio inóspito em termos sociais, mas onde, também num rasgo de ironia nunca lhe foram negados os cuidados e o amor maternos.

   Consideramos estar perante um dos melhores romances de Cheryl Holt lidos até ao momento, quer pela profundidade da caracterização das personagens, quer ainda pela inclusão de um detalhe bastante cuidado na descrição dos apertados crivos sociais da Inglaterra do Século XIX.

  Da sua leitura decorre uma boa panorâmica dos dois mundos em confronto que referimos no início desta crítica literária.

  A somar à já habitual sensualidade e romantismo que se mostram presentes nos romances desta autora, está presente nesta obra uma acrescida carga emocional, que leva as leitoras a percorrer e percepcionar um vasto leque de emoções. Paixão, empatia, frustração, drama e uma imensa intensidade dramática que acompanha a segunda metade do livro, são características a destacar. 

  Um romance que se revela apropriado a leitoras adeptas do género histórico sensual, mas que vai bem além do mesmo, pela riqueza de detalhe, pela envolvência, e pela forte tensão dramática que a autora tão bem soube conferir à narrativa.

  Será um livro certamente a manter na biblioteca e a reler futuramente!  

  Prepare-se para se perder num turbilhão emocional, e abstrair-se totalmente do mundo lá fora, enquanto estiver perdida entre as páginas deste romance intenso e verdadeiramente arrebatador.



  



Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pela sua opinião. Os comentários serão previamente sujeitos à moderação da administração da página e dos autores do artigo a que digam respeito, antes de publicação.