quarta-feira, 25 de abril de 2012

[Opinião] "Soberba Escuridão", de Andreia Ferreira


1ª Edição: Maio.2011

Editor: Alfarroba
Colecção: Romance
PVP: 15,00€
ISBN: 978-989-8455-14-7
Formato: 21 x 14 cm
Páginas: 256


Opinião/Crítica por: Isabel Alexandra Almeida- Blogue “Os Livros Nossos”


   Soberba Escuridão, de Andreia Ferreira, é daqueles livros que não conseguimos largar enquanto não terminamos, e que nos deixam ansiosos por saber a continuação da história.

   Num brilhante rasgo de criatividade, Andreia Ferreira faz situar a sua narrativa do género fantástico em Portugal, mais concretamente, na cidade de Braga, o que, por si só, já marca a diferença neste género literário!

  Ao longo do livro, acompanhamos a vida da jovem Carla, aluna do 11º ano, das suas amigas Raquel e Ana (sendo que entre as três jovens tão diferentes entre si, denota-se uma forte e improvável amizade), com espaço também para o romance tórrido entre Carla e o belo, sedutor e misterioso Caael.

  A obra traça um completo perfil das personagens principais, considerando as vertentes física e psíquica, e com recurso a técnicas de caracterização directa e indirecta, que ,habilmente,  a autora soube revelar na simplicidade do seu texto.

  Nota positiva para o ambiente próprio de uma Escola Secundária Portuguesa,  descrito na perfeição. A autora revela bons conhecimentos sobre o universo dos adolescentes Portugueses e conseguiu transpor para o papel o dia-a-dia deste universo tão específico, pelas páginas do livro Soberba Escuridão, desfilam emoções à flor da pele, rebeldia e contestação, amores e ódios “de estimação” (em relação a colegas e professores).

   Interessante foi detectar, numa obra do género fantástico, alguns alertar a jovens e aos seus progenitores, com a descrição de um episódio de bullying escolar. Também a personagem Raquel, que vive negligenciada pelos pais ao nível de acompanhamento e afectividade, embora não deixem de ser-lhe satisfeitas as necessidades materiais, constitui um bom sinal de alarme para o tipo de atenção que, hoje em dia, se presta ou não aos mais jovens, o que trará consequências mais ou menos favoráveis no futuro destes.

   Uma escrita simples, apelativa, uma história bem temperada com um permanente clima de mistério, e imensas aventuras e reviravoltas inesperadas, e onde não falta sequer um toque acentuado de um elegante romantismo.

   Soberba escuridão lê-se com imenso prazer, e deixa-nos à espera, ansiosamente, pelos restantes títulos da trilogia, e promete ser popular entre público de várias faixas etárias, constituindo um bom argumento para conseguir pôr a ler quem não tenha especiais hábitos de leitura, pela simplicidade, envolvência e espontaneidade da escrita, propensa a cativar leitores mais resistentes.

   Está de parabéns a jovem Andreia Ferreira, pela criatividade e originalidade reveladas numa obra do género fantástico, e conseguiu, também, não ficar colada a estereótipos presentes em tanta literatura deste género (na sua maioria, de autores internacionais) que hoje está muito em voga.

  Em suma, lemos, gostámos e queremos mais!

  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Resultados Passatempo Os Livros Nossos/ Alfarroba Edições - A Caixa de Hipátia

E o vencedor do passatempo Os Livros Nossos/ Alfarroba Edições - "A Caixa de Hipátia" de Elisabete Bárbara  foi:

- Diogo Martins - nosso seguidor na Página do Blogue no Facebook.

Parabéns Diogo!

O sorteio foi realizado através do site random.org e tivemos a participação de 20 concorrentes, a todos o nosso obrigado, em breve teremos mais passatempos, e mais oportunidades de vencer.

O vencedor deverá agora contactar-nos pelo email: lovingbooks2012@gmail.com, facultando nome completo e morada, para que a Editora Alfarroba Edições proceda ao envio do livro.

Queremos também agradecer o apoio da nossa Parceira Alfarroba Edições, sem a qual não teria sido possóvel a realização do presente passatempo.


Passatempo com o apoio da Alfarroba Edições



segunda-feira, 9 de abril de 2012

[Opinião] "Demência" , de Célia Correia Loureiro



Autora:  Célia Correia Loureiro

1ª Edição: Novembro.2011

Editor: Alfarroba Edições

Colecção: Romance

PVP: 17€

ISBN: 978-989-8455-25-3

Formato: 21 x 14 cm

Páginas: 394



Opinião/Crítica por: Isabel Alexandra Almeida (Blogue “Os Livros Nossos”)



  “Demência”, um romance da jovem autora Célia Correia Loureiro, traça-nos um retrato nítido, realista e dramático de uma certa mentalidade tão Portuguesa, ainda presa a estereótipos paternalistas e maniqueístas, presente em tantas aldeias por esse Portugal fora.

   Com uma escrita profunda, falando directamente ao coração do leitor, e cativando-o, a autora demonstra saber despertar em nós leitores toda uma panóplia de emoções, desde a ternura, simpatia, piedade, raiva, num verdadeiro turbilhão emocional que nos vai arrastando ao longo do processo viciante de leitura, já que torna-se imperativo saber mais e mais sobre a vida das personagens, à medida que nos vai sendo desvendado o seu passado, ficamos ansiosos para saber o seu futuro.

   Célia Loureiro escreve com uma maturidade que, há muito,  não descobríamos em alguém tão jovem (a autora tem apenas 22 anos).

Com “Demência” travamos conhecimento com um leque de personagens fortes, bem construídas, com uma carga psicológica bem marcada e delimitada.

   Numa brilhante articulação entre passado e presente (a autora recorreu a analepses para, ao longo da narrativa principal, ir dando a conhecer o passado das principais personagens femininas e masculinas) vai sendo sabiamente traçado um paralelismo entre as duas principais figuras femininas – Olímpia e Letícia – respectivamente sogra e nora, e se estas começam por nos parecer muito dispares entre si, acabamos por descobrir que, no percurso de vida destas mulheres, há algo mais em comum do que uma tragédia que para sempre as marcou.

   Letícia é chamada por uma vizinha para tomar conta da sogra Olímpia, a qual revela sinais evidentes de senilidade (esquecendo-se de actividades quotidianas rotineiras, como tratar dos seus animais), trazendo consigo as duas filhas (e netas de Olímpia) a madura Luz e a doce Maria, duas crianças que terão de aprender a suportar o peso da história menos feliz da sua família nuclear. As principais personagens masculinas – Sebastião e Gabriel – homens de duas gerações distintas, acabam por ir em socorro de Olímpia e Letícia, e simbolizam a dedicação, a lealdade e o amor, nos seus estados mais puros.

  Nitidamente “Demência” arrasta-nos para uma aturada reflexão para temas candentes do nosso quotidiano, e para problemas sociais como: o envelhecimento populacional e as necessidades de amparo da população mais idosa, a degradação física e psíquica gradual associadas a doenças como a Alzheimer; a violência doméstica, as dificuldades e o isolamento a que vivem votadas as populações em tantas aldeias do interior do País, e os riscos de exclusão social e julgamento público, para quem, por circunstâncias da vida, não adopte aquele que seja considerado o padrão comportamental adequado à condição feminina, considerando-se uma visão a antiquada e mesmo “machista” tão evidente ainda hoje em zonas rurais, e curiosamente, seguida por homens e inquestionada por mulheres.









  Com uma escrita viva, fluente e cativante, Célia Loureiro transporta-nos para o convívio com estas personagens e as respectivas problemáticas, e arriscaríamos mesmo a dizer que o título da obra vai mais além do problema base que despoleta toda a narrativa – a senilidade de Olímpia Vieira que a leva a ficar gradualmente dependente de terceiros ( e de quem menos esperaria, como a sua nora Letícia), arriscamos a dizer que “Demência” pode ser uma metáfora para tudo o que ainda é preciso amadurecer e evoluir em termos sociais e humanos no pais profundo, tanto mais premente, quando se vivem tempos complicados a todos os níveis da vivência humana.

 Uma palavra final para os leitores, será interessante atentarmos na descrição realista da vida numa aldeia portuguesa, quem viva numa zona rural, reconhecerá vários aspectos, e quem for citadino, encontra aqui uma boa oportunidade para ver as diferenças entre as zonas rurais e citadinas, com tudo o que de positivo e menos positivo tal pode acarretar.

   Trata-se de uma obra cuja leitura recomendamos vivamente e que nos faz aguardar pelo próximo livro de Célia Loureiro. Nota máxima, sem dúvida.