Título: Nove Semanas e Meia
Autora: Elizabeth McNeill
Edição: Abril de 2014
Editora: Quinta Essência
Páginas: 152
Género: romance erótico
Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI
Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:
Nove Semanas e Meia, agora reeditado em Portugal com a chancela de qualidade da Quinta Essência, é o que podemos apelidar de um verdadeiro clássico da literatura erótica mundial, sendo sua autora Elizabeth McNeill, o pseudónimo da Austríaca Ingeborg Day.
A obra de curta extensão adquire em intensidade o que lhe falta em número de páginas. Numa escrita elegante, a narradora descreve na primeira pessoa o relato de uma relação amorosa mantida com um homem que conheceu casualmente em Nova Iorque, e ao qual virá a ligá-la um vínculo bastante forte, já que ambos acabam por manter uma relação amorosa de carácter sado-masoquista e também algo obsessiva, onde necessariamente se testam limites e resistências, físicas e psicológicas, assumindo a mulher o papel passivo da relação, sendo sujeita a diversas experiências sexuais de dominação, humilhação e destas retirando inegável prazer para si própria.
Quase como paradoxo inerente ao género de relação íntima que mantêm os protagonistas desta história (que sabemos serem pessoas cultas, de classe media alta e executivos), o elemento masculino mima a sua amante, satisfazendo-lhe mesmo alguns caprichos materiais ( por exemplo, comprava e oferecia-lhe um livro em que esta tivesse manifestado interesse), mas revela-se verdadeiramente implacável e irredutível quanto ao exercício de poder na relação, exercendo também um evidente jogo de manipulação psicológica , sempre que a conduta da mulher não se coadune com os seus planos ou com o entendimento muito peculiar que tenha de uma dada situação contextual.
A linguagem usada na obra é literária, embora contenha descrições bastante explícitas de actos sexuais ou com conotação sexual de natureza Sado-masoquista, estando inerente por vezes uma violência física e/ou psicológica que poderá chocar os leitores menos prevenidos ou menos ambientados neste tipo de leitura.
Um dos detalhes que também se evidencia no livro é o seu final bastante surpreendente.
Em suma, um clássico do erotismo, que chegou a inspirar um filme de culto com o mesmo título, ousado, sensual, violento, mas escrito com uma rara elegância e clareza de linguagem, como que descrevendo objectivamente uma vivência ou perspectiva de relacionamento que tem tudo de subjectivo, de íntimo e de pessoal.
Classificação atribuída no GoodReads: 4 em 5 estrelas.
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