sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

[Opinião] "As primeiras Luzes da Manhã", de Fabio Volo [Editorial Presença]


Autor: Fabio Volo



Colecção: Grandes Narrativas [n.º 540]

Edição: Fevereiro de 2013

Páginas: 228



Sinopse:

Em As Primeiras Luzes da Manhã Elena vive uma vida sem paixão. Mas agora, ao aproximar-se dos quarenta, a rotina fastidiosa que tomou conta dos seus dias e do seu casamento é cada vez mais difícil de ignorar. Deseja ardentemente uma mudança, mas o medo de arriscar é proporcional a esse desejo, e Elena continua à espera que seja a vida a tomar a iniciativa... Até ao momento em que ganha coragem e aceita o convite do colega de trabalho que há algum tempo se insinua junto dela. Este envolvimento intenso e inesperado inicia-a num erotismo pleno e sem tabus que a liberta e finalmente lhe abre caminho para a tão desejada intimidade com o seu próprio mundo afetivo.

Crítica por: Isabel Alexandra Almeida / Blog Os Livros Nossos:

As Primeiras Luzes da Manhã, do popular autor Italiano Fabio Volo faz-nos entrar na intimidade de uma mulher de classe média, de quase quarenta anos - Elena - presa a um casamento por comodismo e conformismo, com Paolo, o típico marido tradicional que chega a casa e se instala no sofá em frente à televisão enquanto a esposa se ocupa das tarefas domésticas consideradas ainda tipicamente femininas (como a confecção das refeições diárias).

  Executiva na área do Marketing de uma empresa, Elena encontra-se presa à rotina, utilizando como válvula de escape as páginas do seu diário, onde vai narrando (aos olhos do leitor) as suas incertezas, medos, frustrações e, mais adiante, o seu processo de descoberta e libertação emocional.

  No trabalho conhece um colega com o qual irá envolver-se numa relação extra-conjugal, abrindo as portas a toda uma nova vivência de intimidade, sensualidade e sexualidade, assim como ao nível de novas emoções que desconhecia ser possível experienciar, estando, como estava, condenada à rotina e à aceitação passiva de um casamento já sem chama (se é que alguma vez a havia tido), onde existe uma relação de amizade e tolerância mútua, sem amor nem sexo.

   O livro desperta nos leitores uma imensa curiosidade, já que grande parte da obra corresponde às páginas do diário onde a protagonista vai dando a conhecer as suas novas experiências emocionais e também de forte pendor físico e sensual.

   Sem falsos pudores, com descrições carregadas de sensualidade e até mesmo erotismo, Fabio Volo revela-se hábil ao apresentar-nos todo o universo psicológico de uma mulher comum, como tantas outras, que reaprende a viver, levada a isso pela casualidade de uma nova relação libertadora, e também, quem sabe, pelas reflexões e instrospecções que são apanágio da entrada na meia-idade.

   É uma obra envolvente, com uma escrita fluída e irrepreensível, e dotada de rara sensibilidade para com as nuances do universo feminino, por vezes tão mal compreendidas pela nossa sociedade ainda demasiado paternalista.

  Elena é uma personagem forte, sensível, que facilmente nos leva a criar forte empatia.  Resta saber se, após novas vivências, e um saudável reencontro com o seu novo "eu", terá Elena a necessária coragem para pôr fim a um casamento sem sentido, e se encontrará nos braços do amante toda uma nova perspectiva de futuro. Caberá aos leitores descobrir a resposta para estas perguntas que aqui deixamos em tom de assumida provocação.

  Uma leitura rápida, agradável, e que nos deixa a pensar após termos lido a obra. Um hino ao eterno feminino. 

   Recomendado sem dúvida e sem reticências, uma boa escolha da Editorial Presença que convidamos a desvendar por si mesma(o).







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