segunda-feira, 30 de junho de 2014

[Renda & Saltos Altos] "Um Amor ao Luar", de Emma Wildes [Planeta]


Título: Um Amor ao Luar

Autora: Emma Wildes

Editora: Planeta

Páginas: 296

Género: Romance Histórico Sensual

Crítica por Isabel Alexandra Almeida / Blog Os Livros Nossos:

   Um Amor ao Luar dá início a uma nova série de romances de Emma Wildes. Trata-se de um romance sensual com cenário na Inglaterra do Século XIX.

   Além dos habituais detalhes caracterizadores de uma sociedade presa a rígidas regras e padrões de comportamento, onde a reputação de uma jovem senhora poderia ser fácil e inadvertidamente  abalada ou mesmo destruida de modo irreversível, somos brindados com um clima de permanente intriga e mistério, que percorre toda a narrativa, e que, em muito, contribui para manter o leitor agarrado ao livro até ao momento de virar a última página.

  Como protagonistas da trama encontramos duas personagens bastante paradoxais, que se verão fortemente atraídas uma pela outra, ainda que tal proximidade não seja bem aceite pela sociedade.

    Lady Elena Morrow é raptada e levada inconsciente para um misterioso local onde encontra um inusitado companheiro de cárcere - o Visconde Andrews - um reconhecido e intrépido libertino, um homem rico, tremendamente atraente, mas totalmente avesso ao compromisso matrimonial.

   Elena é uma jovem ingénua, mas com espírito de aventura e dotada de graciosidade e inteligência, com opiniões muito próprias e que não está especialmente entusiasmada com o seu recente noivado com Lorde Colbert - uma escolha irrepreensível sob o ponto de vista do que então se entenderia por "socialmente correcto", mas que não desperta na jovem a chama da paixão pela qual anseia a alma romântica da jovem.

   O Visconde Andrews [Ran], por sua vez, um assumido libertino, mostra-se deveras intrigado em relação aos motivos e ao autor do seu rapto, e não entende porque se vê com Elena em tão embaraçosa situação, estando em cuidados perante a preocupação que o seu misterioso desaparecimento causará à tia e à jovem irmã, que ficou ao seu cuidado, após a morte dos pais de ambos.

   As duas vítimas de tão curioso rapto, verão surgir em si mesmos impulsos, necessidades e sentimentos que ainda tentam negar, embora sem sucesso, e vivem momentos pautados por intensa sensualidade, descritos de forma intensa, cativante e gradual pela autora.

   Não menos interessante é o casal de personagens secundárias nesta narrativa - Alicia [prima de Elena] e o marido, o rígido, severo e contido Lorde Benjamin Wallace. Lorde Benjamin é chamado a investigar o misterioso desaparecimento de Elena, a pedido do pai desta e tio da esposa.

   Alicia, apaixonada pelo marido, luta para dar um colorido emocional que sente faltar na sua vida conjugal, que sente algo rotineira e convencional, e para tanto, dispõe-se a recorrer a estratégias ardilosas e inteligentes, para seduzir o marido e conquistar o amor deste, já que não vê grande sentido num casamento meramente formal, então em voga.

   Lorde Wallace, mais habituado à intriga política - a sua verdadeira zona de conforto - vai ter de se tornar inesperadamente num verdadeiro detective privado, mas descobrirá também novos encantos na sua bela e inteligente esposa, passando a encarar o casamento sob uma nova e interessante perspectiva onde o prazer físico se combina e é complementado pelas emoções, até ali contidas.

   O livro mostra uma linguagem formal. bastante adequada à època histórica e ao espaço social onde se movimentam as personagens [que integram a alta sociedade Londrina, no século XIX], mas bastante acessível ao leitor. O mistério que aguça a nossa curiosidade constitui um bom trunfo narrativo sabiamente utilizado por Emma Wildes, o que mantém os leitores em expectativa permanente até ao final da trama. E o pendor marcadamente sensual não ficou esquecido, sendo bastante explícitas as cenas verdadeiramente escaldantes entre as personagens principais e as secundárias, mas estando também fortemente presente o mundo dos afectos.

  Presentes também alguns detalhes interessantes, e que caracterizam a época, como o conceito de honra a defender pelos cavalheiros, e o julgamento social sempre presente.

 Uma obra envolvente e que agradará aos amantes deste género literário bastante específico, que conta com muitos fãs no nosso país.




domingo, 29 de junho de 2014

[Renda & Saltos Altos] "Um Amor na Cornualha", de Liz Fenwick [Quinta Essência]



Autora: Liz Fenwick

Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]

Edição: Junho de 2014

Páginas: 368

Género: Romance

Crítica por Isabel Alexandra Almeida/ Blog Os Livros Nossos:

            Um Amor na Cornualha  “Um amor na Cornualha”, da autora Norte Americana Liz Fenwick, trata-se de um romance assumidamente feminino e ligeiro, mas que fica na memória das leitoras, pela sensibilidade com que aborda temas delicados em termos de vivência humana, além de descrever uma região do Reino Unido que, a julgar pelas descrições da belíssima paisagem, parece conter em si uma espécie de magia ou encantamento, que facilmente prende o forasteiro que ali se desloque – a Cornualha.

      A linguagem é fluída, acessível, imbuída de sensibilidade e envolvência. O ritmo da narrativa é suficientemente rápido para nos manter presos às páginas do livro, mas lento o bastante para nos arrastar para o meio da história.

        Judith Warren, aos 30 anos, parece ter a vida que muitas pessoas sonhariam ter, vive junto da família em Osterville, Cap Cod, Massachusetts, e está prestes a casar-se com John, um Advogado bem sucedido, de uma família local, que está sinceramente apaixonado pela jovem. 

      Uma inquietação inesperada, uma insegurança e um súbito desejo de mudança, leva a noiva a desistir do casamento, deixando o noivo desolado e as duas famílias perante o duro julgamento social da impulsividade do acto.

       Jude e os pais, na verdade, vivem numa aparente acalmia, mas nenhum deles superou ainda a morte de Rose, a irmã mais velha de Jude, que acaba por ser vista pelos pais e pela irmã, como um exemplo de perfeição – no que certamente resultará de algum natural grau de idealização de um ser amado em relação ao qual toda a família ainda não elaborou o respectivo processo de luto.

      Além de não ter superado a morte da irmã, Jude sente que nunca conseguiu satisfazer as expectativas da mãe, enquanto filha, apesar de sempre se ter esforçado para conquistar o apreço e amor incondicional dos progenitores, chegando mesmo a anular a sua personalidade, e como que a deixar que a mãe a leve a viver uma vida que, afinal, sente não ser a sua.

     A jovem parte para o Reino Unido, para junto de Bárbara, amiga de longa data da mãe, e acaba por ir em trabalho até à Cornualha, onde lhe caberá ajudar o académico Petrock Trevillion na árdua tarefa de organizar e catalogar uma vasta colecção de notas pessoais e a biblioteca, estando em preparação a escrita de um livro sobre um local muito especial e caro a Petrock – Pengarrock – uma mansão familiar e histórica na Cornualha.

     Apenas Tristan Trevillion, filho de Petrock, não se deixa envolver pelo fascínio da casa e do local, e tem outros planos para a propriedade. 

   Também Helen, a fiel governanta, é uma defensora incondicional da herança cultural e histórica de Pengarrock, encontrando em Jude uma importante aliada.

    Creio não ser exagerado considerar Pengarrock, a mansão, uma personagem da história de pleno direito, até porque não é difícil imaginar-nos a querer desvendar mistérios do passado, a percorrer uma belíssima mansão histórica, dotada de uma beleza decadente, ou a percorrer as estantes de uma biblioteca antiga, com volumes únicos de impressionante valor histórico e cultural. 

      Em busca de si própria, e dos segredos da bela Cornualha, Jude terá tempo para reflectir sobre o seu percurso, e na melhor forma de reencontrar a sua própria identidade, e lançar as pontes que lhe permitam recompor o seu relacionamento com os pais.

     Uma excelente leitura com chancela Quinta Essência, Liz Fenwick, em cuja leitura nos estreámos, será mais uma autora a seguir.